O ano de 2020 definitivamente não está sendo bom para o ex-jogador de futebol Ronaldinho Gaúcho. Após ter sido preso no Paraguai, acusado de usar passaporte adulterado para entrar no país, Ronaldinho, que já brilhou sob os holofotes e chegou a ser apontado como um dos melhores jogadores do mundo, agora enfrenta a Justiça de Goiás num processo em que é acusado de ter lesado quase 400 pessoas através das atividades de uma empresa ligada ao seu nome, a 18kRonaldinho. A empresa de marketing multinível seria, de acordo com o processo, uma pirâmide financeira.
Uma audiência de conciliação entre Ronaldinho, a empresa 18kRonaldinho e clientes foi marcada para o dia 22 de maio pela 9ª Vara Cível de Goiânia. Na ação, os clientes em questão alegam que foram lesados pelas atividades da empresa em questão.
A ação é promovida pelo Instituto Brasileiro de Defesa das Relações de Consumo (Idebec), que representa cerca de 150 clientes associados à 18kRonaldinho. O processo, iniciado no dia 3 de fevereiro, tramitou com celeridade após a prisão de Ronaldinho no Paraguai, apesar de tratar de um assunto diferente. A audiência de conciliação foi marcada na manhã do dia 9/3.
Empresa ligada a Ronaldinho é acusada de funcionar como esquema de pirâmide financeira; número de vítimas pode chegar a quase 400
De acordo com o advogado representante dos clientes da 18kRonaldinho, Fernando Henrique Barbosa, a empresa se identifica como marketing multinível e leva o nome de Ronaldinho após uma fusão com o craque em 2017. Desde então, a 18kRonaldinho começou usar amplamente a imagem do ex-jogador, que chegou a ser referido como co-fundador da empresa e atrair mais e mais investidores. “Falavam que era uma empresa séria, que tinha um selo de uma associação qualificada de marketing multinível, além do Ronaldinho, que é uma pessoa de imagem forte, de credibilidade, eles chamavam as pessoas pra investir”, conta o advogado.
Entretanto, após algum tempo, os pagamentos feitos para os investidores simplesmente pararam, e o investidor da empresa começou a desconfiar que poderia ter entrado num mau negócio. “De um dia para o outro os pagamentos foram suspensos, e, agora, foi suspenso também o acesso dos investidores. Tem gente que investiu trinta dólares, e tem gente que investiu cem mil, e agora eles estão no escuro”, argumenta Barbosa.
Ainda conforme o advogado, ele representa cerca de 150 clientes que alegam terem sido lesados pela 18kRonaldinho, numa ação coletiva movida pelo Idebec na Justiça de Goiás. Entretanto, os documentos de outras 240 pessoas que solicitaram ingressar na ação estão sendo analisados, o que pode elevar o número de supostas vítimas da empresa para quase 400. Segundo Barbosa, são pessoas de todo o estado de Goiás e de outras partes do Brasil, e até fora dele.
Relação de Ronaldinho com a 18kRonaldinho é apurada
O advogado da ação relatou que o tipo de vínculo de Ronaldinho com a empresa acusada de pirâmide financeira, 18kRonaldinho, ainda é outro fator que é levado em conta no caso. Ouvido pela promotoria de São Paulo, Ronaldinho argumentou que fazia apenas propaganda para a empresa. Porém, a mesma costumava apresentar o ex-jogador como co-fundador do negócio.
No final do ano passado, Ronaldinho saiu da empresa que leva seu nome, sob a alegação de que ela estaria usando sua imagem indevidamente. Todavia, segundo Barbosa, não é tão simples assim. “Uma empresa que tem o nome da pessoa, faz todo o merchandising usando a pessoa, aos olhos do investidor essa pessoa é uma das donas”, defende o advogado.
Na ação, Barbosa, que também é especialista em Direito Digital, pede a correção e ressarcimento dos valores investidos pelos clientes e a revisão do contrato, devido a apontada falta de transparência. O valor da ação chega a R$ 300 milhões.