As gêmeas siamesas Laura e Laís Santos, nascidas em Piraí do Norte, na Bahia, devem passar por cirurgia de separação no fim do mês de agosto, conforme previsto pela equipe médica do Hospital Materno Infantil (HMI), em Goiânia. As irmãs, que são unidas pelo abdome e bacia e compartilham o intestino, vieram a Goiânia e passaram por uma bateria de exames, nesta segunda-feira (9/3).
De acordo com o cirurgião Zacharias Calil, especialista neste tipo de caso, as meninas serão separadas quando completarem 1 ano de idade. O médico explicou ainda que essa cirurgia traz uma novidade para a literatura médica, uma vez que Laura é quem alimenta Laís, ou seja, fornece nutrientes para o crescimento.
Para ele, os casos de gêmeas siameses nascidos na Bahia podem ter a ver com aplicação indevida de agrotóxico. Em um ano, o caso de Laura e Laís foi o terceiro no estado baiano. O estado de saúde das gêmeas siamesas é bom e segundo a mãe, Liliane Silva dos Santos, elas estão saudáveis.
Gêmeas siamesas da Bahia foram transferidas para Goiânia um dia após o nascimento
As bebês nasceram no dia 5 de agosto do ano passado, com 36 semanas de gestação. Laura e Lais são unidas pelo abdômen e compartilham a bexiga, a bacia, os intestinos delgado e grosso, e o sistema urinário. À época, segundo nota do HMI, a cirurgia de separação não tinha data marcada e só deveria ocorrer um ano após o nascimento, quando as irmãs tiverem mais peso.
As recém-nascidas foram transferidas para Goiânia após contato dos médicos da maternidade onde nasceram com o cirurgião pediátrico Zacharias Calil. As irmãs chegaram na capital num avião, no Aeroporto Santa Genoveva. O Corpo de Bombeiros informou que o transporte foi realizado pela viatura neonatal da corporação com apoio da equipe de médico e enfermeiro do Sistema Integrado de Atendimento ao Trauma e Emergência (SIATE).
Histórico
O HMI é referência em realizar a separação de gêmeos siameses. Com este, já são 40 casos de siameses registrados na unidade. Foram realizadas 18 separações. A primeira aconteceu em 2000, das gêmeas Larissa e Lorrayne, que eram unidas pelo abdômen e pela pelve. A literatura médica mundial indica que, dentre os siameses operados, um em cada cinco sobrevive à cirurgia. No HMI, esse índice chega a 50%.