A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta terça-feira (17/12) a Operação Calvário – Juízo Final, para desarticular uma organização criminosa que desviou R$ 134,2 milhões dos recursos da saúde na Paraíba. Um dos alvos da ação é o ex-governador Ricardo Coutinho (PSB), que teve prisão preventiva decretada. A instituição pediu a inclusão de seu nome na difusão vermelha da Interpol pelo fato de o político estar fora do País. A operação da PF também cumpre mandados em outros estados incluindo Goiás, na capital.
Além de Coutinho, a deputada estadual Estela Bezerra e a prefeita de Conde Márcia de Figueiredo Lucena Lira, ambas do PSB, também são alvos de prisão preventiva no âmbito da Operação Calvário.
Ao todo, a ação cumpre 54 mandados de busca e apreensão e 17 ordens de prisão preventiva nos Estados da Paraíba, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Goiânia e Paraná. Cerca de 350 Policiais Federais participam das ações, além de procuradores e auditores da Controladoria-Geral da União.
Campanhas eleitorais
Do valor total desviado pelo grupo investigado, mais de R$ 120 milhões teriam sido destinados a políticos e às campanhas eleitorais de 2010, 2014 e 2018, diz a PF. A quadrilha teria ainda fraudado licitações e concursos públicos, além de ter superfaturado equipamentos, serviços e medicamentos.
Segundo a Polícia Federal, foi organizada uma rede de prestadores de serviços terceirizados e de fornecedores que fechavam contratos com sobrepreço na gestão dos Hospitais de Trauma de Mamanguape e do Metropolitano, em Santa Rita.
Para se blindar de fiscalização do Tribunal de Contas do Estado, a quadrilha teria pagado propinas e utilizado contratos de “advocacia preventiva” ou de “advocacia por êxito” para ocultar a movimentação dos valores, diz a corporação.
A investigação apontou ainda que houve uso eleitoral dos serviços de saúde, com direcionamento de atendimentos e fraude no concurso de pré-seleção de pessoal do Hospital Metropolitano no ano de 2018.
Segundo a PF, os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, fraude em licitação e corrupção passiva e ativa.
Desencadeada inicialmente em dezembro de 2018, a Operação Calvário investiga uma quadrilha que teria praticado os crimes de corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos em contratos firmados com unidades de saúde e educação do Estado que, somados, ultrapassam R$ 1 bilhão.
Preso na operação da PF é ligado ao Instituto Gerir, ex-gestora do Hugo
Um dos presos na Operação Calvário é David Clemente Monteiro Correia, ligado à Organização Social (OS) Instituto Gerir. A OS antecedeu o Instituto Haver na gestão do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).
Em nota enviada ao Dia Online, a assessoria do Instituto Gerir esclareceu que David não possuía, à época da gestão do Hugo, nenhum vínculo com a OS no estado, e que a defesa do empresário já se prepara para enviar à Justiça os devidos esclarecimentos. Veja a nota abaixo:
“O Instituto Gerir encerou suas atividades em Goiás em novembro de 2018. David Clemente Monteiro Correia não possuía à época nenhum vínculo com a organização social no Estado, não ocupando nenhum cargo na OS nem prestando serviços como terceirizado ou fornecedor. A defesa do empresário já está levantando todas as informações necessárias para repassar à Justiça e garantir o esclarecimento dos fatos, que não condizem com as denúncias apresentadas.”
Defesas
A reportagem busca contato com a defesa do ex-governador Ricardo Coutinho e com os outros investigados na operação. O espaço está aberto para manifestações.