A era digital permitiu o aumento das possibilidades humanas mas, ao mesmo tempo, veio retirar algumas das suas liberdades. Venha compreender alguns aspectos preocupantes da liberdade na era digital.
O mundo mudou muito ao longo das últimas décadas e algumas das antigas teorias filosóficas e sociológicas ganharam mais força, à medida que as novas tecnologias começavam a abrir o espaço para que algumas “teorias da conspiração” se tornassem bastante viáveis.
Ideias como as de Marx, Foucault ou Orwell pareceram subitamente concretizar-se com as mudanças na vida cotidiana do ser humano e também em algumas das políticas que o regem.
Legitimadas pela permissividade das sociedades atuais e pelas leis que regulam as questões do mundo digital, a verdade é que surgem muitas perguntas quanto à liberdade do ser humano no século XXI e sobre a forma como cada um de nós é autor na limitação de si mesmo.O papel das redes sociais, dos programas televisivos e da regulação nacional e internacional na atribuição dessa liberdade é uma das questões fundamentais deste século.
O caso chinês
O sistema de crédito social chinês é um excelente exemplo de uma proposta que terá, caso avance, um impacto inigualável sobre a liberdade humana.Desenquadrado dos próprios direitos humanos estipulados pela carta universal, este sistema propõe uma monitorização constante dos habitantes, que resultará no acúmulo ou na perda de pontos, tendo em consideração a sua forma de vida e as suas escolhas.Este sistema não implica só uma constante observação do ser humano, privando-o da sua liberdade, tendo ainda um impacto indizível sobre a igualdade das pessoas.
O impacto das redes sociais
A monitorização por parte de estruturas governamentais, no entanto, não é algo de impacto local. Ao redor do globo, as pessoas escolhem, hoje, ser agentes na redução da sua própria liberdade, reduzindo o seu direito à privacidade à medida que motivam uma constante presença no mundo da Internet.As tendências ditam que se use a mídia social de forma intensa, expondo a nossa imagem, a nossa localização e as nossas ações, de forma contínua.Hoje, fazer parte da sociedade torna quase obrigatória esta presença nas redes sociais, o que impede uma grande parte das pessoas de viver sem o olhar constante de terceiros, o que modela a sua forma de ação no dia-a-dis.
A vigilância das ruas
O famoso “Big Brother” (BBB, como muitas vezes é conhecido), é algo que salta das televisões para a realidade.Hoje, independentemente do local onde escolhamos ir: o centro comercial, uma arena ou simplesmente a rua, estamos constantemente sob o olhar das câmaras de vigilância.Embora se alegue – e seja provável – que a motivação principal seja justamente a segurança, o fato é que esta observação constante é, também, modeladora e inibidora da liberdade.
Embora não seja, ainda, possível prever o resultado efetivo que todos estes aspectos terão no ser humano da atualidade e na regulação das suas ações, torna-se importante compreender alguns dos fatoress preocupantes que nos levam a crer estar perante um século de liberdades condicionadas.