O próximo passo da investigação relativa à Operação Cegueira Deliberada é identificar as “verdadeiras” pessoas beneficiadas com o esquema de fraudes do Detran Goiás, ocorridas entre 2014 e 2015, além da análise do material recolhido. As informações foram repassadas pela Polícia Civil, nesta sexta-feira (8/11).
A ação foi deflagrada nesta quinta-feira (7/11), em Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal, e resultou em sete prisões e cumprimento de 55 mandados de busca e apreensão, sendo 32 contra pessoas e 23 contra empresas. Entre os presos estão o ex-presidente do Detran, João Furtado Neto, e o proprietário da Sanperes, Daniel Ganda dos Santos.
Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, foram apreendidos 17 veículos, obras de arte de artistas renomados, como Antônio Porteiro, relógios de luxo e uma grande quantidade de dinheiro.
Operação Cegueira Deliberada apura desvio de mais de R$ 110 milhões, entre 2015 e 2019, no Detran-GO
A Operação Cegueira Deliberada aponta a prática dos crimes de fraude em licitação, falsidade documental, organização criminosa e lavagem de dinheiro, restando a apurar eventual corrupção ativa e passiva. Nesta primeira fase deflagrada hoje, conforme estudos realizados em conjunto pelo GECCOR e Controladoria Geral do Estado de Goiás (CGE), aponta para desvio contratual em superfaturamento na ordem de R$ 110.43 milhões desviados no período compreendido entre 2015 e fevereiro de 2019.
Segundo informações da SSP-GO, trata-se de investigação criminal em curso no Grupo Especial de Combate à Corrupção (GECCOR), da Polícia Civil de Goiás, para apurar esquema para fraudar o processo licitatório de Concorrência Pública n. 001/2014, realizado pela autarquia em 2014, cujo objeto foi a outorga de serviço público de vistoria veicular por um período de 10 anos e valor total estimado na ordem de R$ 582.41 milhões.
Bloqueio
Ainda nesta quinta-feira (7/11), a justiça de Goiás decretou o bloqueio de R$ 44 milhões de reais em bens do procurador do Estado e ex-presidente do Departamento Estadual de Trânsito de Goiás (Detran-GO), João Furtado de Mendonça Neto. Durante o cumprimento do mandado de busca e apreensão na casa e no escritório dele, a polícia levou computadores, celulares e vários documentos para serem analisados.
A defesa disse que não teve acesso à decisão, mas que considera “uma arbitrariedade” e sempre atuou dentro da legalidade, prezando pela ética e honestidade em suas atividades. A empresa Sanperes, que também é alvo das investigações, afirmou que vai tomar as providências cabíveis dentro da legalidade, buscando a apuração dos fatos e a efetivação da justiça.