Milhares de manifestantes libaneses de todas as idades encheram grandes cidades neste domingo, 20, exigindo o fim da corrupção e o domínio da elite política do país. A cada hora, centenas de pessoas chegavam às ruas para os maiores protestos contra o governo até agora nos quatro dias de manifestações.
Manifestantes dançavam e cantavam nas ruas, alguns hasteando bandeiras do Líbano e cantando “o povo quer derrubar o regime”. Pela manhã, jovens carregavam sacolas azuis e limpavam as ruas da capital Beirute, recolhendo o lixo da noite anterior.
As demonstrações espontâneas são as maiores do Líbano nos últimos cinco anos, se espalhando além de Beirute. Elas ganham força com a fúria que já vem de algum tempo contra a classe política dominante que dividiu o poder entre si e acumulou riqueza por décadas, mas fez pouco para melhorar uma economia em apuros e uma infraestrutura dilapidada.
A agitação explodiu após o governo propor novos impostos, parte de medidas de austeridade em meio à crescente crise econômica. Políticos agora correm contra o tempo para propor um plano de resgate econômico que, eles esperam, ajude a acalmar o povo. Muitos manifestantes já disseram que não confiam nas reformas do atual governo, e pedem a renúncia do Ministério e sua substituição por um grupo menor composto por tecnocratas.
Em discurso na noite de sexta-feira, o primeiro-ministro Saad Hariri tinha dado a seus parceiros de governo um ultimato de 72 horas para apresentar soluções convincentes para a crise econômica. Um dia depois, Hariri disse que estava se reunindo com ministros para “alcançar algo que sirva os libaneses”. No domingo, Hariri continuou suas reuniões para receber as últimas sugestões para reanimar a economia do país, que sofre com alto desemprego, baixo crescimento e dívida que chega a 150% do PIB.