O projeto cultural Grande Hotel Vive Choro, mais conhecido como Chorinho, tem enfrentado problemas com relação ao policiamento durante o evento. O produtor cultural Carlos Brandão criticou a ação da Polícia Militar (PM) durante o último evento, ocorrido na sexta-feira (29/8). Ao governador Ronaldo Caiado, o produtor questionou o posicionamento dos agentes.
Em uma publicação nas redes sociais ele escreveu: “Ontem, fui surpreendido com a escalação de uma equipe enorme de policiais militares, para “organizar” o Chorinho. O comandante da equipe chegou e já proibiu os ambulantes de venderem bebidas alcóolicas. Ok, começamos mesmo assim, porque nosso foco é a música. Mas o rapaz do comando, começou a dar palpites na organização do Chorinho. Isso pode. Aquilo não pode. Vcs devem mudar esse evento de lugar, etc, etc, etc.”.
Ainda em sua publicação Carlos Brandão escreve que desde que foi criado, por volta de 2007 e 2008, sempre solicitou apoio da Polícia Militar e da Guarda Municipal, mas raramente foi bem atendido. Porém, ele afirma que nunca havia o tipo de censura que aconteceu no último evento, onde os policiais disseram que “a ordem é fechar o Chorinho”.
“Em vários momentos houve falta de policiamento, mas esse tipo de episódio não, de censura não”, afirmou o produtor cultural ao Dia Online.
Ao governador Ronaldo Caiado, produtor cultural questiona atuação da PM no Chorinho
Se dirigindo ao governador Ronaldo Caiado, Carlos Brandão explica que as atividades feitas em rua são trabalhosas. “Tudo que é feito na rua, dá trabalho, senhor Caiado. Se o senhor não entende de Cultura, eu tenho 50 anos de trabalho nessa área e posso lhe explicar algumas coisas. E o senhor precisa explicar isso aos seus policiais.”, completou na publicação.
Ele ainda afirma que a Polícia fechou atividades culturais importantes para a sociedade, atividades que salvam pessoas e é uma arte de porto seguro para a periferia.
“Governador Ronaldo Caiado, se liga: sua polícia fechou boa parte das Batalhas de rap que existiam pela cidade. Se o senhor ainda não foi apresentado para o hip hop, essa arte é um dos portos seguros dos jovens da periferia. O rap salva pessoas, senhor Ronaldo Caiado.”
Por fim, em sua publicação Brandão agradece a todos que ajudam no evento como o objetivo de trazer segurança ao público e critica a ação da PM.
“A cidade e os produtores de Cultura não precisam do “auxílio luxuoso” da sua PM, para realizarem suas atividades culturais, senhor Ronaldo Caiado. E como produtor do Chorinho, agradeço toda e qualquer ajuda no sentido de dar segurança para o público que vai assistir aos shows. Mas dispenso o apoio da PM, na produção e curadoria do mesmo. Como dizem: cada qual no seu quadrado. Ado. Ado. Ado!”.
O Chorinho em Goiânia
O Chorinho voltou a ter programações na capital no dia 5 de julho, no mesmo local de antes: Rua 3, no Centro de Goiânia. A atividade teria sido suspensa em 2018, após duas pessoas morrerem durante a programação.
O evento é produzido pela Secretaria Municipal de Cultura (Secult). Para este ano foram previstas 11 edições, que devem acontecer até o dia 22 de novembro. A programação acontece todas às sextas.
A importância do Chorinho para Goiânia
O presidente da Associação dos Cantores e Compositores do Estado de Goiás (Ascom), se apresenta no Chorinho e fala da importância do evento. “Além de apresentar no Chorinho também represento (como produtor e pj) vários artistas. É extremamente importante para a música de Goiás, primeiro por ser uma atividade cultural fundamental para os músicos de Goiás, pelo viés cultural e também pela presença maciça do público, que já se consolidou”.
Valter Mustafé é músico e compositor e afirma que o Chorinho é importante para a população pois dá acesso à oportunidades de maneira gratuita, é um laser saudável e também revela novos e bons valores do cenário musical Goiano. “Vida longa ao Chorinho do Grande Hotel!!”, completa.