Uma adolescente de 17 anos, aluna do 3º ano do Ensino Médio em um colégio estadual de Goiás, usou as redes sociais na última quinta-feira (8/8) para desabafar e expor a situação extremamente precária que vive sua escola. Em um texto intitulado “A verdade sobre escola pública”, a estudante faz um relato comovente e estarrecedor sobre o cotidiano em uma escola que sofre com o descaso, trazendo fotos que ilustram o cenário de degradação do colégio.
Em um perfil no Instagram chamado de Realidade Goiás, a estudante expõe a dificuldade que enfrentam os alunos do Colégio Estadual Maria de Fátima Santana, localizado em Aparecida de Goiânia. No texto publicado, a jovem denuncia a debilidade do ensino recebido, com professores dando aulas fora da área de formação, aulas vagas e turmas sendo liberadas antes do horário por falta de professores, além da fragilidade do conteúdo ensinado.
“Fazemos tarefas que as questões são “Qual o título do texto?” a gente tá no 3° ano e temos isso de exercício”, relata. Ela denuncia que turmas chegam a ficar por três meses sem um professor de Matemática.
Além disso, a estudante chama a atenção para a precariedade da estrutura do colégio, e se refere ao ambiente como “desgastante”. “Ninguém aguenta ficar em um lugar desse é desgastante. E quem do noturno enxerga com 3 lâmpadas fracas?”, escreve.
Uma preocupação exposta pela jovem é a desigualdade de oportunidades, uma vez que os alunos da rede pública não podem pagar mensalidades em uma escola privada e, por isso, ficam prejudicados devido ao ensino frágil repassado, provocado pelo descaso de responsáveis.
Leia o desabafo chocante da aluna do colégio estadual de Goiás, publicado nas redes sociais
“Não temos chance de passar em uma faculdade pública, também não temos chance de pagar a mensalidade de uma particular. Temos professores que mexem no celular, temos aulas vagas e faltas de professores, coordenadores que gritam com alunos. Fazemos tarefas que as questões são “Qual o título do texto?” a gente tá no 3° ano e temos isso de exercício.”A culpa é de vocês e não da nossa escola estadual”.
A gente não tem lugar pra sentar, como alguém de escola pública pode disputar vagas com alunos de escolas particulares? Não vão gostar de estudar se nunca tivermos ensino de qualidade, se os alunos do matutino e noturno passa frio e os do vespertino passa calor, se quando chove molha, temos sol no rosto pois não tem janela. Estrutura decadente que faz a gente não querer ir pra escola. E quando vamos?
Tem professor que formou em Letras “dando aula” de história (entre aspas porque mandar ler a página 155 não é dar aula) e os professores de matemática que dá física? Eles não fazem ideia do que estão passando. Hora de sair? 10hrs 10:30 11:15 as vezes 12, normalmente você que ama estudar, em um lugar desse é a pessoa que comemora quando sai mais cedo, que absurdo, não é absurdo ninguém aguenta ficar em um lugar desse é desgastante. E quem do noturno enxergar com 3 lâmpadas fracas?
Alguns alunos diz que é a pior escola do estado, claro, se o lanche em uma temperatura de 13°C é leite gelado com gosto de maracujá e eu própria posso afirmar não tinha nem 200ml em cada copo, para os alunos sobreviver até a hora de embora.Você não aprende em um lugar assim. Aula vaga é que faz alunos ficar com caixa de som do lado das salas em um volume alto, que atrapalha a ouvir o professor.
Descontrole que vem dá administração e faz com os alunos não tenham o mínimo de educação pois eles não tem chance de serem melhores do que são, só cota talvez não ajude, ficar 3 meses sem professor de matemática também não vai ajudar. E as vezes a gente prefere ficar sem professor do que ter um incompetente que não explica. Vemos que com o tempo as coisas vão ficando por isso, são detalhes que faz você querer desistir, não temos motivação, não temos esperança, somos alunos de escola pública.”
Direção do colégio diz que postagem traz informações mentirosas e foi feita para difamar a escola
A reportagem do Dia Online entrou em contato por e-mail com a Secretaria de Estado da Educação de Goiás, a Seduc, e aguarda um retorno. Esta matéria será atualizada assim que a demanda for respondida pela pasta.
Já o colégio, em nota, negou as informações do relato e disse que a postagem foi feita com o propósito de “difamar a imagem do colégio”. A direção da escola declarou que está com quadro completo de professores, e que conta com um cardápio variado no lanche.
Além disso, a direção afirma que diversos alunos que já passaram pelo colégio hoje estudam em renomadas universidades federais. Veja a íntegra da nota abaixo:
“Trata-se de uma postagem com o único propósito de difamar a imagem do Colégio Estadual Maria de Fátima Santana, tanto é que, esta postagem é a única postagem feita através desse perfil de instagram, e de modo algum representa a opinião dos nossos discentes.
Diferente do que é dito, a escola está com quadro completo de professores, com exceção da profissional de Geografia do matutino que está de licençaPrêmio, mas já aguardamos a chegada de um profissional para substituir. Não faltam cadeiras. É servido ótimo lanche, que varia conforme cardápio aprovado pela Seduc. A iluminação é boa no pátio e nas salas para o ensino noturno. Temos vários formandos de anos anteriores que estão cursando diferentes cursos em diversas universidades tanto públicas como privadas, com até uma aprovação na UFG em medicina conforme divulgado no próprio site da Seduc-GO ano retrasado.
A maioria dos professores é de área, são concursados e competentes assim como os que trabalham por contrato temporário admitidos em processo seletivo realizado pela Seduc. Quanto a estrutura, de fato precisa melhorar, porém é digna e não impede o desempenho do aluno. Por não ter ar condicionado obviamente no tempo de calor realmente esquenta, contudo, isso também não impede ninguém de aprender.
O relato dessa suposta aluna denigre a imagem da escola e dos professores que nela tanto trabalham e se esforçam para proporcionar o melhor ensino possível para nossos alunos. Não é uma escola com estrutura de ponta, todavia possui excelentes profissionais (professores e administrativos) que executam um excelente trabalho proporcionando àqueles que querem, condições e capacidade de progredir na vida.
O Colégio Estadual Maria de Fátima Santana é o mais antigo da região, fundado em 1982 e construído com placas de concreto. A Secretária de Educação, Professora Fátima Gaviole e sua equipe, estiveram recentemente na escola participando de um dos projetos desenvolvidos pela equipe escolar de autoria da Professsora Concursada e Licenciada em História, Silvia Gomes. Nessa ocasião acontecia a culminância do referido projeto “Talentos de Goiás”, com show da cantora Goiânia Maria Eugênia.Portanto a Secretária conhece as dificuldades relativas a nossa estrutura física mas pôde também perceber nosso total compromisso e profissionalismo e já está trabalhando para as devidas melhorias.
A escola atende plenamente à comunidade, oferecendo o ensino Médio no matutino, o Ensino Fundamental no vespertino e o Novo Ensino Médio no noturno.
Agradecemos a atenção! Grupo gestor”