O empresário Guilherme Moreira, de 27 anos, investigado por usar dinheiro de banco, depositado por engano em sua conta, para comprar um carro de luxo, foi indiciado por lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. O inquérito foi concluído pela Polícia Civil nesta terça-feira (30/7). O pai do empresário, Adalberto Estevam, e uma amiga, Natália Alves de Almeida Ferreira, também responderão por falsidade ideológica.
Ele, que é dono do Restaurante Bienna, localizado no Setor Marista, em Goiânia, responderá por apropriação de coisa havida por erro, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica, de acordo com relatório assinado pelo delegado Kléber Toledo, titular do 8º Distrito Policial, onde o caso foi investigado. Todos respondem o processo em liberdade.
Após erro de banco, empresário compra carro de luxo
De acordo com as investigações, no dia 27 de dezembro o empresário percebeu que havia sido creditada em sua conta mantida no Banco Safra S.A. a quantia de R$ 18 milhões. O dono do restaurante teria se apropriado de parte do valor e, com o intuito de esconder a verdadeira origem do dinheiro, tentou transferências eletrônicas por meio de internet banking que juntas somam R$ 1.129.794,58 reais. As transferências foram realizadas para a conta do pai, para outra conta da empresa mantida em outra instituição financeira e para outras.
Entretanto, conforme os investigadores, as transações não foram concretizadas, pois foi feito o bloqueio das operações. Porém, Guilherme conseguiu fazer uma transferência no valor de R$ 280.000. Com o dinheiro, ainda de acordo com a polícia, Guilherme teria comprado um Porsche modelo Boxster, 2.7, ano e modelo 2014, cor vermelha, veículo de luxo avaliado no mesmo valor da transferência.
De posse das informações, a Polícia Civil, por intermédio da 8ª Delegacia Distrital de Polícia de Goiânia, deflagrou a Operação Bienna, destinada ao cumprimento de Mandado de Busca e Apreensão, bem como o sequestro do Porsche comprado por Guilherme. O mandado de busca e apreensão foi cumprido em uma casa de luxo localizada no Condomínio Granville, em Goiânia, local onde Guilherme reside.
O que diz a defesa
Para a PC, as apurações apontam que a conduta de Guilherme configura os crimes de apropriação de coisa havida por erro e de lavagem de dinheiro. Nesses casos, as penas podem variar de três e 11 anos de prisão e multa. À época, a polícia salientou que a operação foi denominada “Bienna” por dois fatores: além de se tratar do nome fantasia do estabelecimento comercial do investigado, Bienna é uma cidade localizada na Suiça, país que, por várias décadas, esteve entre os maiores paraísos fiscais do mundo.
Ao Dia Online, quando deflagrada a operação Bienna, a defesa de Guilherme Moreira negou que o empresário comprou o Porsche com o dinheiro do banco, e disse ainda que a ação policial tratava-se de “um equívoco”. Leia a nota na íntegra:
O proprietário do restaurante esclarece que não houve apropriação indevida do valor apontado pelo banco. Tudo será esclarecido e comprovado tão logo seja oportunizado o direito de defesa na ação penal que, sequer, foi ajuizada. A operação policial trata-se de equívoco jurídico, e o problema se deu devido a um erro na prestação de serviço da instituição bancária que, além do depósito indevido, ao perceber a falha, também bloqueou todas as contas do empresário, o que impossibilitou a devolução imediata do valor que já havia sido retirado da conta para pagamentos diversos, inclusive para a quitação do carro citado, que já havia sido comprado. O empresário afirma que, após o desbloqueio das contas, tentou um acordo com o banco, que não foi concretizado devido a não concordância com as taxas de juros e multas. Com isso, a solução está sendo buscada na justiça, num processo aberto pelo próprio empresário.