O Comitê de Direitos Humanos da ONU documentou na visita da Alta Comissária Michelle Bachelet à Venezuela no mês passado diversas violações atribuídas ao governo do presidente Nicolás Maduro no país.
Em relatório divulgado nesta quinta-feira, 4, Bachelet afirma ter registrado 66 mortes nos protestos contra o governo chavista, que começaram em janeiro. Destas, 52 foram cometidas por forças do governo e milícias leais ao chavismo.
O relatório vê com especial preocupação a atuação da Força de Ação Especial da Polícia Nacional Bolivariana (Faes), criada por Maduro para “combater o crime e o terrorismo”. A oposição denuncia a atuação do Faes como um esquadrão da morte a serviço do governo.
Segundo o documento, esse órgão foi responsável pela morte de 5.287 pessoas no ano passado, em casos apresentados como resistência à ação policial. Em 2019, até maio, foram mais de 1,5 mil mortes por agentes da Faes. Em muitos casos, drogas são plantadas nas vítimas para forjar uma denúncia por narcotráfico.
O relatório ainda afirma que 793 pessoas foram presas por se opor ao regime chavista, sendo 22 delas parlamentares de oposição.
“Poucas pessoas recorrem à Justiça por medo de retaliação ou por desconfiança nas instituições”, diz o texto. “A Procuradoria se omite na obrigação de apresentar denúncias contra esses criminosos e a controladoria da república se omite perante as violações de direitos humanos.”
Apesar da economia da Venezuela ter entrado em crise bem antes das sanções impostas pelo governo americano, a situação deve piorar nos próximos meses em virtude dessas punições. Além disso, o acesso a alimentos e remédios é escasso e controlado politicamente pelo governo, segundo a ONU.
O relatório de Bachelet diz ainda que, em média, os venezuelanos – especialmente mulheres – ficam dez horas em filas esperando por alimentos. O documento também denuncia a morte de 157 pessoas por faltas de insumos médicos no país em 2019.