Uma criança brasileira de dois anos desapareceu esta semana no Rio Grande, na fronteira dos Estados Unidos com o México, quando a mãe – uma cidadã haitiana – tentava entrar ilegalmente no território americano, informou a Agência Alfandegária e de Proteção de Fronteira dos EUA (CBP, na sigla em inglês).
A mulher, cujo nome não foi revelado, foi presa pelas autoridades americanas em Del Rio, no Texas, na segunda-feira, dia 1º, assim que cruzou a fronteira. No momento em que foi detida, ela informou às autoridades que tinha perdido sua bebê durante a travessia.
Em comunicado, a CBP informou que agentes de Del Rio iniciaram na própria segunda-feira uma operação de busca pela criança, auxiliados por agentes mexicanos de Ciudad Acuña, no Estado de Coahuila. “Sempre que uma criança se perde é um evento trágico”, afirmou o chefe de patrulha de Del Rio, Raul Ortiz. “Não posso nem imaginar a angústia que os pais desta criança devem estar sentindo e espero que nossos esforços de busca sejam coroados com um resultado positivo.”
À reportagem, o Corpo de Bombeiros de Ciudad Acuña afirmou que um grupo de dez imigrantes haitianos tentava cruzar o Rio Grande quando a criança desapareceu. Como a correnteza do rio é muito forte, a bebê teria soltado a mão da mãe e sido levada pelas águas.
As buscas foram retomadas na manhã desta quarta-feira, 3, e os bombeiros de Ciudad Acuña trabalham em parceria com autoridades americanas. Os trabalhos para tentar localizar a criança, que envolvem botes, equipes de mergulhadores e veículos remotos submergíveis devem, continuar ao longo do dia.
Morte trágica
O desaparecimento da bebê ocorre pouco mais de uma semana depois de outro caso trágico na fronteira entre os dois países. Em 23 de junho, dois salvadorenhos, Óscar Martínez, de 25 anos, e sua filha Valeria, de apenas 23 meses, também desapareceram no Rio Grande durante a tentativa de entrar ilegalmente no território americano.
Os corpos dos dois foram localizados no dia seguinte centenas de metros abaixo do local onde foram vistos pela última vez. A camiseta preta de Óscar estava erguida até o peito com a cabeça da menina por dentro. O braço dela está em volta do pescoço do pai, sugerindo que ela se agarrou a ele em seus momentos finais.
Rota para os EUA
Em agosto do ano passado, reportagem do jornal O Estado de S. Paulo mostrou que muitos haitianos que deixaram o Brasil em direção aos EUA ficaram em cidades como Tijuana em razão da intensificação das política contrária à imigração do governo Trump e da pressão constante sobre o governo mexicano. Eles se dividiam entre o arrependimento por terem deixado o território brasileiro e a esperança de um dia chegar ao outro lado da fronteira.
O jornal também mostrou o caso da brasileira Sandra Almeida Santos, que deixou um casamento de 11 anos e o emprego na Polícia Federal de Belo Horizonte para acompanhar o haitiano Alain Régis até o México.
Mais recentemente, o País também entrou na mira de africanos que tem como objetivo chegar ao território americano. O governo do presidente Andrés Manuel López Obrador, chamado popularmente de AMLO, cedeu a uma dura política migratória criada por Trump para a fronteira sul do México depois que Washington ameaçou impor tarifas progressivas aos produtos mexicanos e tornou a travessia mais complicada nos últimos meses.