Deflagrada na última segunda-feira (1/7) pela Polícia Civil, a Operação Morfina apura a existência de um esquema criminoso no Instituto de Assistência dos Servidores do Estado de Goiás (Ipasgo). Funcionários, agora alvos de mandados judiciais de afastamento das funções públicas, se valiam de seus cargos para praticar uma série de fraudes no instituto para beneficiar médicos e empresas vinculadas. Há casos de uma empresas receber, no mesmo dia, por 200 hemogramas para um único paciente.
Conforme a investigação, funcionários da empresa GT1 Tecnologia, que tem vínculo com o Ipasgo desde agosto de 2011, utilizavam seus cargos no Setor de Tecnologia de Informação do instituto para praticar uma série de fraudes, que beneficiavam ilegalmente prestadores de serviços – como médicos, clínicas, laboratórios e hospitais – e causavam enorme lesão ao erário.
Os funcionários integrantes do esquema faziam o credenciamento de empresas de saúde e médicos para realizar serviços sem passar pelos critérios e burocracias do Instituto. Dessa forma, eles recebiam por serviços de maneira irregular.
Em um determinado caso, uma empresa de saúde recebeu o repasse do Instituto por 200 hemogramas para um mesmo paciente, no mesmo dia
Conforme a polícia, foram cumpridos 8 mandados judiciais de afastamento das funções públicas, 4 mandados de busca e apreensão e 6 mandados de intimações simultâneas. As medidas fazem parte de um inquérito policial que investiga os crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva e inserção de dados falsos em sistemas de informações.
Os indícios de um esquema milionário de fraudes são estarrecedores, diz Ipasgo
Em nota oficial, o Ipasgo se manifestou e confirmou estar dando “integral apoio ao excepcional trabalho de auditoria da Controladoria Geral do Estado (CGE) e de investigação da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO), por meio da Polícia Civil do Estado de Goiás”.
O instituto se mostrou chocado com os crimes que vieram à tona, e disse que “indícios de um esquema milionário de fraudes, em operação há muitos anos, são estarrecedores”.
Veja a nota abaixo na íntegra:
“A atual gestão do Instituto de Assistência dos Servidores Públicos do Estado de Goiás (Ipasgo) vê com muita tristeza os fatos investigados na Operação Morfina, deflagrada nesta segunda-feira (1/7) pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Administração Pública (DERCAP) e Superintendência de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (SCCCO). Os indícios de um esquema milionário de fraudes, em operação há muitos anos, são estarrecedores.
O Ipasgo informa que tem dado integral apoio ao excepcional trabalho de auditoria da Controladoria Geral do Estado (CGE) e de investigação da Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás (SSP-GO), por meio da Polícia Civil do Estado de Goiás, e espera que todos os fatos relativos a tais denúncias sejam adequadamente apurados e os responsáveis sejam devidamente punidos.
Importa esclarecer que as investigações se referem a ações praticadas por colaboradores de empresa de tecnologia que presta serviço ao órgão desde agosto de 2011.
A nova gestão do Ipasgo defende e apoia toda medida de combate à corrupção por entender que tais irregularidades podem colocar em risco a sustentabilidade do plano e, consequentemente, o atendimento à saúde de milhares de cidadãos goianos.
Acrescente-se que em consonância com as diretrizes de austeridade, moralização e profissionalizacão da administração pública estabelecidas pelo atual Governo de Goiás, medidas de Compliance Público vêm sendo implementadas no Ipasgo, desde o início de 2019, como vacina contra atos de corrupção na instituição pública.”