Presos durante a Operação Sexto Mandamento, os policiais militares (pms) suspeitos de integrarem um grupo de extermínio vão a júri popular, nesta terça-feira (11/6). A decisão é do juiz Jesseir Coelho de Alcântara da 3ª Vara dos Crimes Dolosos Contra a Vida, que vai presidir o júri, marcado para às 8h30 desta terça-feira.
Entre os policiais que vão a júri estão o tenente Vitor Jorge Fernandes, de 35 anos, os cabos Cláudio Henrique Carmargos de 48, Alex Sandro Souza Santos de 44 e Ricardo Rodrigues Machado de 38. Os quatros são suspeitos de participarem da morte de Murilo Alves Macedo, de 26 anos.
Os pms foram presos durante a Operação Sexto Mandamento, deflagrada no dia 15 de fevereiro de 2011, durante uma investigação da Polícia Federal (PF) que prendeu policiais militares suspeitos de integrarem um grupo de extermínio.
Durante a operação os policiais acusados de participarem do grupo insistiram para retirar Fritz Figueiredo e Hamilton Neves da abordagem que culminou na morte de Murilo, e que o jovem teria sido morto durante um confronto com policiais da equipe da Ronda Ostensiva Tática Metropolitana (Rotam).
Policias da Rotam estavam de folga quando avistaram o veículo roubado
Conforme a ação, no dia 26 de agosto de 2010, Murilo teria roubado um carro do modelo Honda Civic, no Setor Bueno, em Goiânia, da tenente Almeida, no momento que ela manobrava o veículo para sair do estacionamento de uma clinica médica. Além do carro, uma pistola portada por outro pm que estava no carro também foi levada.
Um dia após o roubo do carro, os policiais Fritz e Hamilton que integram a Rotam, estavam de folga, mas prestavam um serviço particular e estavam com os telefones grampeados em virtude da investigação da PF sobre o grupo de extermínio. Durante o serviço os policiais entraram em contato com o Centro de Operações da Polícia Militar (COPOM), para solicitar a verificação da placa de um veículo.
De acordo com a denúncia, os policiais estavam na GO-060 no momento que avistaram o carro e entraram em contato com o Copom. Na ocasião o soldado Mauro confirmou que o carro se tratava do veículo roubado da tenente Almeida, ao que os subtenentes pediram para estabelecer contato com a militar.
Após repassar a informação, os policiais iniciaram uma perseguição ao carro e solicitaram reforço policial durante o trajeto. O cabo Camargos atendeu a solicitação dos colegas e afirmou que estava se deslocando para o apoio enquanto era monitorado pela equipe da Delegacia da Polícia Federal (DPF).
No dia por volta das 19h45, na altura do Jardim Real, na Chácara Caveira, os subtenentes atiraram contra Murilo Macedo. De acordo com a denúncia, a equipe do tenente Vitor, cabos Camargos, Alex e Machado que participaram do crime, chegaram no local às 19h53 e assumiram que a vítima foi morta em um confronto inexistente.
Com o celulares grampeados, a PF conseguiu ter acesso aos áudios dos pms que abordaram o veículo. De acordo com o áudio captado pela polícia, Fritz após abordar os suspeitos manda os ocupantes parar o carro, dá ordem para eles colocarem a mão na cabeça e em seguida atira. Após atirar em um dos suspeitos na abordagem, os policias questionam ao segundo abordado sobre a arma que estava na bolsa, momento que o Copom perde o sinal com os policiais.
PMs alteraram a cena do crime para indicar que houve confronto entre eles e os envolvidos
Após reestabelecer contato com o Copom, Fritz afirma que o veículo pinou, entretanto o subtenente manteve contato por telefone com o cabo Camargos para indicar a equipe da Rotam o local em que o suposto confronto ocorreu. A equipe comandada pelo tenente Vitor chegou ao local e assumiu a ocorrência, durante as investigações foi constatado que os policiais alteraram o local do crime para mostrar que houve confronto entre o jovem e os policiais.
Os envolvidos alegaram forte escuridão, muita poeira e distância do vulto que resistiu à abordagem, porém apesar das alegações, eles conseguiram alvejar Murilo com muita precisão. Segundo as informações a trajetória dos projéteis foram descendentes, como aponta o laudo e reforça que a vítima foi executada.
A participação de Fritz Figueireido e Hamilton Neves na abordagem foram omitidas pelos polícias envolvidos na ação. Segundo os áudios o segundo ocupante que estava com Murilo no dia foi retirada do véiculo e levada pelos subtenentes, cujo paradeiro e identidade são desconhecidos.
O tenente Vitor Fernandes, os cabos Cláudio Camargo, Alex Santos e Ricardo Machado são acusados de homicídio, por motivo torpe, sem chance de defesa da vítima e execução sumária após a abordagem.