Antes lotadas de comentários elogiosos e interações divertidas de amigos, as redes sociais da jovem Susy Nogueira agora se enchem de mensagens de tristeza e luto. A estudante universitária goianiense veio a óbito no último domingo (26/5), após sofrer uma parada cardíaca na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital da capital, onde estava internada desde o dia 16/5. Entretanto, a imensa dor causada aos amigos e familiares de Susy pela morte da moça foi acrescida de indignação e sede de justiça, uma vez que veio à tona que Susy foi vítima de estupro dentro do hospital por, como apontaram as investigações, um técnico de enfermagem que justamente deveria auxiliar na sua recuperação.
Consternado e com poucas palavras, Vanderly, pai de Susy, conversou com a reportagem do Dia Online. Em uma rápida conversa de pouquíssimas palavras, o homem falou sobre a jovem Susy e relembrou uma das principais características da filha: “Era uma menina alegre, normal…”. Ele conta que Susy foi internada na UTI do Hospital Goiânia Leste, no Setor leste Universitário, em Goiânia, depois de ter uma crise convulsiva durante a aula. Susy estava no 4º ano do curso de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás).
Em tom conciso e triste, Vanderly revela que a filha tinha crises convulsivas frequentemente, mas que as mesmas passavam rápido após o tratamento correto. Mas o que o pai de Susy não sabia era que a filha sofreria uma das piores violações a que um ser humano pode ser submetido, justamente no local onde deveria ser cuidada e protegida. Algum tempo depois de ser internada (em dia ainda não precisado), Susy contou à uma enfermeira da UTI que havia sido estuprada por um dos técnico de enfermagem.
“Ela foi internada no dia 16 [de maio], e morreu no dia 26 [do mesmo mês]. O resto é aquilo que eu acho que você já sabe…”, diz Vanderly, com a voz abatida. O pai de Susy aproveita a deixa para encerrar a conversa, visivelmente abalado com toda a situação.
Por uma rede social, um dos amigos de Susy publicou uma mensagem, entre várias outras, que resumiu com intensidade toda a tragédia, revolta e tristeza envolvendo a morte da jovem: “Está doendo muito, ainda não caiu a ficha”.
Técnico de enfermagem acusado de estuprar a jovem na UTI de hospital de Goiânia se apresentou à polícia
Identificado somente pelas iniciais I.C.B., o técnico de enfermagem de 41 anos acusado de estuprar Susy enquanto ela estava internada na UTI do hospital se apresentou no início da tarde desta quarta-feira (28/5) à Delegacia de Polícia Civil, onde ficou preso. Um mandado de prisão havia sido aberto contra ele no dia anterior.
Conforme a Deam, a morte da jovem, a princípio, não teria relação com o abuso sofrido. A Polícia Civil ainda não detalhou o dia em que o crime foi praticado.
Procurada pela reportagem do Dia Online, a direção da UTI do Hospital Goiânia Leste se manifestou através de nota e fez esclarecimentos quanto ao ocorrido. Na nota, a direção da UTI conta que tomou medidas com o objetivo de proteger a paciente e investigar o caso assim que teve conhecimento.
Além disso, segundo a nota, o técnico acusado foi afastado de sua função e, posteriormente, denunciado e demitido por justa causa. Veja a nota:
“NOTA OFICIAL
No dia 17 de maio de 2019, os responsáveis pela UTI do Hospital Goiânia Leste receberam a denúncia de abuso sexual da paciente de 21 anos por meio de uma das técnicas de enfermagem da equipe. No mesmo momento, a direção tomou as primeiras medidas com o objetivo de proteger a paciente e investigar o ocorrido.
O técnico de enfermagem acusado pela paciente foi imediatamente suspenso e afastado da sua função. Um boletim de ocorrência com a denúncia foi registrado pelos responsáveis da UTI na Delegacia da Mulher, no dia 21/05/2019 e o funcionário foi demitido por justa causa nesse mesmo no dia.
Posteriormente, também por iniciativa da empresa de UTI, o vídeo que mostra o suposto assédio do ex-funcionário, consistente num possível toque nas partes íntimas da paciente, também foi entregue à delegada responsável pelo caso. Cada um dos 20 leitos geridos pela UTI possui câmera individualizada, que funciona e grava toda a movimentação da UTI, 24 horas por dia. Ao ex-funcionário foi dada a oportunidade de ver as imagens, o que foi recusado por ele.
Além de ter tomado as medidas necessárias sobre a denúncia, coube aos diretores da empresa de UTI comunicar aos pais da paciente sobre o fato e sobre as medidas já tomadas. Esclarece, por fim, que a causa da morte da paciente, em 26/05/2019, não possui qualquer relação com os tristes fatos ocorridos. A empresa está à disposição das autoridades para fornecer qualquer informação adicional que possa ajudar na investigação da denúncia.”