O ex-líder político do grupo terrorista ETA José Antonio Urrutikoetxea Bengoetxea, mais conhecido como Josu Ternera, foi preso nesta quinta-feira, 16, na França, depois de passar 17 anos foragido da Justiça espanhola. Ele irá diretamente para uma prisão francesa para cumprir os oito anos da sentença recebida em 2017, segundo fontes judiciais.
A detenção de um dos dirigentes históricos da organização separatista armada basca, dissolvida há um ano, “aconteceu nas primeiras horas do dia na localidade de Sallanches nos Alpes franceses”, anunciou o Ministério do Interior espanhol em um comunicado.
Condenado em um julgamento à revelia (no qual não esteve presente), ele poderá apresentar um pedido para que o processo se repita ou aceitar a pena que lhe foi imposta. Por já ter sido julgado, Ternera não será apresentado diante de um juiz de instrução, mas irá diretamente para a cadeia, disseram as fontes.
Ternera, de 68 anos e portador de câncer – segundo a imprensa -, é descrito na nota como “o militante da organização terrorista ETA mais procurado pelas forças policiais, tanto espanholas como francesas”. Durante 40 anos de violência pela independência do País Basco e Navarra, o ETA assassinou mais de 800 pessoas, até abandonar a luta armada em 2011.
Em maio de 2018 o grupo anunciou a dissolução. Ternera foi o responsável por gravar a chamada “declaração final”, que acabou com o grupo criado na resistência contra a ditadura de Francisco Franco.
Josu Ternera estava foragido desde 2002 da Justiça espanhola, que o vincula ao atentado com bomba 1987 contra um quartel da Guarda Civil em Zaragoza que matou 11 pessoas, incluindo crianças.
Influência no ETA
Com grande influência dentro do grupo, Ternera liderou o ETA de 1977 a 1992. De acordo com analistas, neste período ele privilegiou a estratégia do terror para forçar o governo espanhol a negociar com o separatismo basco. Os especialistas atribuem a Ternera a condução dos atentados com carros-bomba pelo ETA.
Ele foi eleito deputado pelo Herri Batasuna, partido nacionalista radical basco considerado por muitos o braço político do grupo separatista. Também participou das fracassadas negociações de paz em 1989 com membros do governo espanhol na Argélia. Em 2002, fugiu da Justiça depois de ter sido convocado pelo Tribunal Supremo para depor sobre o atentado de 1987.
Na clandestinidade, participou das negociações com o governo socialista espanhol durante uma trégua em 2006, mas foi afastado para que integrantes da linha mais dura do grupo assumissem o comando. O processo fracassou: em dezembro de 2006 o ETA explodiu uma bomba no aeroporto de Madri, que matou dois equatorianos, e em junho de 2007 deu por encerrado o cessar-fogo.
As forças de segurança responderam com operações policiais contra a organização, que, sem capacidade operacional, anunciou o fim da violência em 2011. A dissolução do ETA, contudo, não acabou com os esforços da polícia contra a organização, com mais de 350 crimes ainda não solucionados. COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS