Um erro no sistema do Banco Safra S.A. ocorrido no ano passado resultou no envio indevido de dinheiro para a conta de centenas de clientes ao redor do Brasil, além de uma operação da Polícia Civil de Goiás contra o proprietário de um grande restaurante de Goiânia. Ocorre que, de acordo com a polícia, o proprietário do Restaurante Bienna, localizado no Setor Marista, em Goiânia, foi um dos clientes do banco que teve crédito indevido em sua conta. Mas em vez de devolver, o empresário teria usado os milhões que lhe foram creditados para comprar um Porsche, apreendido nesta manhã (25/4) pelos policiais.
De acordo com a polícia, Guilherme Moreira, dono do Restaurante Bienna, percebeu no dia 27/12 do ano passado que havia sido creditada em sua conta mantida no Banco Safra S.A. a quantia de R$ 18.666.000,90 reais. O proprietário do estabelecimento especializado em carnes e que integra a cena gastronômica do Setor Marista, então, teria se apropriado de parte do valor e, com o intuito de esconder a verdadeira origem do dinheiro dado a ele por engano, tentou transferências eletrônicas por meio de internet banking que juntas somam R$ 1.129.794,58 reais. As transferências foram realizadas para a conta do pai, para outra conta da empresa mantida em outra instituição financeira e para outras.
Entretanto, conforme os policiais, as transferências não foram concretizadas, pois foi feito o bloqueio das operações. Porém, Guilherme conseguiu fazer uma transferência no valor de R$ 280.000,00 reais. Com o dinheiro, de acordo com a polícia, Guilherme teria comprado um Porsche modelo Boxster, 2.7, ano e modelo 2014, cor vermelha, veículo de luxo avaliado no mesmo valor da transferência.
De posse das informações, a Polícia Civil, por intermédio da 8ª Delegacia Distrital de Polícia de Goiânia, deflagrou a Operação Bienna, destinada ao cumprimento de Mandado de Busca e Apreensão, bem como o sequestro do Porsche comprado por Guilherme. O mandado de busca e apreensão foi cumprido em uma casa de luxo localizada no Condomínio Granville, em Goiânia, local onde Guilherme reside.
Defesa do proprietário do Restaurante Bienna diz que não houve apropriação indevida de dinheiro e que operação policial foi “equívoco jurídico”
Conforme a Polícia Civil, a conduta de Guilherme configura os crimes de apropriação de coisa havida por erro e de lavagem de dinheiro. As penas podem variar, então, se condenado, entre 3 e 11 anos de prisão e multa.
A polícia salienta-se que a operação foi denominada “Bienna” por dois fatores. Além de se tratar do nome fantasia do estabelecimento comercial do investigado, Bienna é uma cidade localizada na Suiça, país que, por várias décadas, esteve entre os maiores paraísos fiscais do mundo.
Procurada pelo Dia Online, a defesa de Guilherme Moreira, dono do Restaurante Bienna, nega que o empresário tenha comprado o Porsche com o dinheiro do banco, e diz que Operação Bienna “trata-se de um equívoco”.
Veja a nota abaixo na íntegra:
“O proprietário do restaurante esclarece que não houve apropriação indevida do valor apontado pelo banco. Tudo será esclarecido e comprovado tão logo seja oportunizado o direito de defesa na ação penal que, sequer, foi ajuizada. A operação policial trata-se de equívoco jurídico, e o problema se deu devido a um erro na prestação de serviço da instituição bancária que, além do depósito indevido, ao perceber a falha, também bloqueou todas as contas do empresário, o que impossibilitou a devolução imediata do valor que já havia sido retirado da conta para pagamentos diversos, inclusive para a quitação do carro citado, que já havia sido comprado. O empresário afirma que, após o desbloqueio das contas, tentou um acordo com o banco, que não foi concretizado devido a não concordância com as taxas de juros e multas. Com isso, a solução está sendo buscada na justiça, num processo aberto pelo próprio empresário.”
A reportagem do Dia online também entrou em contato com o Banco Safra, e aguarda um posicionamento.