A denúncia do diretor do Instituto Federal de Goiás (IFG) de Águas Lindas de Goiás, no Entorno do Distrito Federal (DF), de que alunos supostamente estariam fazendo apologia e planejando um atentado na instituição no mesmo modelo dos ocorridos em Realengo e Suzano, terminou com a prisão da professora Camila de Souza de Marques Silva, na manhã desta segunda-feira (15/4) por desobediência, uma vez que ela teria se negado a parar de filmar a abordagem policial que buscava indícios para comprovar a denúncia do diretor da instituição.
Segundo as informações da Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) no último domingo (14/4), o diretor do IFG registrou um Boletim de Ocorrência (BO), onde alega que alguns alunos do Instituto estariam fazendo apologia e planejando um ataque ao instituto semelhante aos de Suzano e Realengo.
Após o registro do BO, os agentes da PC da cidade foram até a instituição de ensino na manhã de hoje em busca de elementos que pudessem comprovar a denúncia feita pelo diretor da unidade. Ao chegar à unidade, a equipe de investigação pediu para falar com o diretor para poder fazer a revista no IFG e foi indicada a sala da professora Camila.
Durante a abordagem policial, a professora do IFG acompanhou os policiais e começou a gravar as imagens no celular, mas desobedeceu o pedido da equipe para parar de gravar
Conforme a polícia, a equipe pediu para que a professora os acompanhasse durante a revista pessoal e nos armários dos alunos, e nesse momento a educadora começou a gravar o trabalho feito pelos policiais.
Um dos agentes da PC ao ver a professora Camila gravando o vídeo pediu para que ela parasse de registrar as imagens, no entanto Camila não obedeceu a ordem. Novamente os policiais voltaram a solicitar que ela parasse de gravar, pois como se trata de menores de idade, as veiculação dessas imagens são proibidas pelo estatuto da criança e do adolescente, outra vez a professora não atendeu aos pedidos e a equipe lhe deu voz de prisão por desobediência.
De acordo com a polícia após receber voz de prisão, os agentes pediram para que Camila entrasse na viatura, a professora negou mais uma vez em atender os pedidos dos policiais. Diante da negativa da educadora a equipe teve que usar a força e algemar Camila para levá-la à delegacia para prestar esclarecimentos, onde foi autuada por desobediência.
Em vídeo professora explica como foi detida após desobedecer os policiais que pediram para ela não filmar
Após ser detida por desobediência e levada para a delegacia para prestar depoimento, a professora Camila foi filmada do lado de fora e conta como ocorreu. Conforme as imagens, a educadora afirma que um dos policiais avisou que o trabalho era sigiloso e que ela não poderia gravar as imagens.
Conforme o vídeo em que a educadora fala sobre o ocorrido, o policial que não deixou ela filmar avisou ao chefe da operação que ela estava filmando, ao que ele responsável pela ação afirmou que poderia deixar ela filmar. Camila narra ainda que o chefe da operação a chamou para conversar e contou que estava fazendo o trabalho deles, pois o diretor havia feito a denúncia. Veja o vídeo:
No vídeo, a professora relata ainda que ela iria como testemunha para acompanhar os alunos, e que ao ver os estudantes eles questionaram se ela iria com eles, ao que respondeu que ela iria como testemunha. Camila conta ainda que ao chegar no estacionamento a viatura estava descaracterizada e questionou aos policiais se poderia ligar para o advogado do sindicato para ver se era correto, mas conforme ela narra, os policiais afirmaram que ela não iria ligar para ninguém e apertaram a mão dela, apreenderam o celular e a algemaram.
O Dia Online entrou em contato com o IFG de Águas Lindas que por meio de nota que a presença da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente na unidade, foi em função de uma investigação em andamento de que alunos estariam se articulando para promover um atentado no Câmpus, durante as comemorações de aniversário da unidade. Em relação aos funcionários levados para Delegacia, o IFG afirmou que está investigando como eles foram ao DP para tomar as providências necessárias sobre o caso. O instituto encerra a nota reafirmando que a Reitoria a sua postura em defesa da integridade física, da liberdade, pluralidade de pensamento dos professores e técnicos-administrativos e alunos da instituição.
Confira a nota
“A Reitoria do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás (IFG)esclarece que a presença de policiais da Delegacia de Proteção de Crianças e Adolescentes, nesta segunda-feira, 15 de abril, no Câmpus Águas Lindas, está relacionada a uma investigação em andamento. Tal investigação trata de suposta articulação de pessoas para realização de grave atentado contra o Câmpus Águas Lindas, o que colocaria em risco a vida de estudantes e de servidores no decorrer desta semana, durante as comemorações do aniversário do Câmpus. A Reitoria do IFG está apurando os fatos relacionados à condução de integrantes da comunidade acadêmica à delegacia, seguida de liberação, e tomará as providências cabíveis no âmbito da administração pública. Por fim, a Reitoria reafirma sua posição em defesa da integridade física, da liberdade, da pluralidade de pensamento dos professores, dos técnico-administrativos e dos estudantes.”