No vidro de uma distribuidora de bebidas do Jardim América, em Goiânia, o proprietário pregou com fita crepe uma das notas falsas de R$50 que pegou apenas em 2019.
Sem dizer o nome, o homem de 50 anos, conta que não averiguava as notas que recebia, principalmente nas sextas-feiras corridas. Acabou pegando três: uma de R$ 50 e duas de R$ 20.
Pesquisou no Google e aprendeu como identificar a veracidade das notas. “Inclusive de R$ 10”, diz, enquanto desmancha um pacote com latas de cervejas. “Além de comprar uma caneta, aprendi a olhar coisas que apenas notas verdadeiras têm, do tipo listas e números escondidos. Aprendi que notas verdadeiras mudam de cor que colocadas diante de luz, por isso comprei uma caneta que tem aquele luz azul”, disse.
O comerciante deve ter recebido notas falsas negociadas pelo WhatsApp, em Goiânia, em um esquema nenhum pouco incomodado pela Polícia Federal (PF). De vez em quando um ou outro falsificador é preso com notas falsificadas em alguma abordagem da Polícia Militar.
Não é raro encontrar comerciantes que foram vítimas. Funcionários de farmácias, de supermercados e bares correm o risco de ter, descontado no salário o valor equivalente à nota falsa.
Os falsificadores anunciam na maior cara de pau em grupos sem nenhuma moderação com perfis fakes. No anúncio, dizem que vendem notas e passam números de contatos normalmente com DDDs fora de Goiás.
A reportagem do Dia Online conseguiu conversar com um desses falsificadores. Mas quando soube que o interessado era repórter, bloqueou. Antes, contudo, tentou convencer o “cliente” a comprar as falsificações.
Na conversa, o falsificador explica: o “cliente” para R$ 100 para cada R$ 1000 em notas falsas.
A maioria dos falsificadores vende a partir de R$ 3000 em notas falsas. Ou seja, o comprador paga R$ 300 pela equivalência de R$ 3.000.
As vendas destas falsificações se intensificam em véspera de feriados – principalmente Carnaval – ou quando o comércio está em alta, como no Dia das Crianças, Dia das Mães, Dia dos Pais e Natal.
O falsificador, em áudios curtos e frases decoradas, ainda garante: “são notas fakes de qualidade que passam na caneta e da luz negra”.
Em seguida, ele manda fotografias de pilhas das notas. Elas parecem catalogadas. São milhões em notas “fakes” em cima de sofás, puffs e em um rack.
Quando o repórter quis saber mais detalhes, o falsificador enviou um vídeo. As notas falsas aparecem em uma folha A4. “Isso aqui tudo saiu do forno agora”, diz ele.
Pelos vídeos e fotografias, a residência, com poucos móveis, se transforma em um laboratório.
Veja vídeo de notas falsas vendidas em Goiânia
Com mais dúvidas, o falsificador ainda sugeriu uma ligação em vídeo para mostrar, em tempo real, o processo de falsificação e, segundo ele, a “mercadoria.”
Sobre a entrega, ele dá coordenadas: “Se você for de Goiânia, pode encostar aqui no Terminal Praça da Bíblica,no Novo Mundo ou no Buriti Shopping.”