As conversas entre partidos para avançar nos planos para o Brexit devem ser retomadas antes da sexta-feira, prazo final para o Reino Unido sair da União Europeia, e o Partido Trabalhista, da oposição, espera que o impasse político do país possa ser resolvido, disse uma negociadora do partido neste domingo.
A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, relutantemente entrou em contato com os legisladores trabalhistas na terça-feira, depois que o Parlamento rejeitou a sua proposta de saída da UE pela terceira vez. O movimento enfureceu os legisladores pró-Brexit no Partido Conservador, e três dias de barganha com a oposição ainda não renderam uma solução de conciliação.
Enquanto o líder trabalhista Jeremy Corbyn culpou o governo, dizendo que não mostrava disposição para abandonar suas posições anteriores no Brexit, a ministra do Trabalho Rebecca Long-Bailey mantinha esperanças e disse que mais conversas são esperadas. O clima geral das discussões é bastante positivo e esperançoso, apesar do fracasso “desapontador” do governo em mudar sua posição em vários temas, disse ela.
“O mais triste é que, no momento, não vimos nenhuma mudança real no acordo, mas estamos esperançosos que isso vá mudar nos próximos dias e estamos dispostos a continuar as negociações, e sabemos que o governo também está”, disse Long-Bailey à BBC. “Estamos atualmente esperando o governo dar a resposta para nós se eles estão preparados para avançar em qualquer uma das suas linhas vermelhas”, acrescentou.
May reconheceu no sábado que o governo não conseguiu aprovar no Parlamento o acordo de saída da UE apesar de seus melhores esforços e “não há nenhum sinal de que possa ser aprovado em um futuro próximo”. Isso a deixou sem outra opção a não ser se aproximar da oposição, disse a primeira-ministra.
A principal demanda do trabalhismo é por uma união aduaneira com a UE pós-Brexit para proteger o fluxo de mercadorias. Os defensores linha dura do Brexit se opõem veementemente a qualquer proposta que continue a vincular o Reino Unido às regras tarifárias da UE e restrinja a capacidade do país de realizar seus próprios acordos de livre comércio em todo o mundo. Long-Bailey insistiu que o Partido Trabalhista quer evitar um Brexit sem acordo “em qualquer situação” e está preparado para cancelar o Brexit em vez de deixar o Reino Unido sair da UE sem acordo.
Mas a parlamentar conservadora Andrea Leadsom disse neste domingo que um cenário sem acordo não seria “tão cruel quanto muitos poderiam advogar”. Ela disse que o partido do governo está trabalhando com os trabalhistas para encontrar um acordo, mas a sua linha mestra é o Reino Unido deixando a UE.
O bloco concordou no mês passado em adiar o Brexit, originalmente marcado para 29 de março, e estabeleceu o dia 12 de abril como o novo prazo, sob certas condições. O Reino Unido tem até sexta-feira para aprovar o acordo de saída, para mudar de rumo e buscar novo adiamento ou para sair da UE sem acordo.
May pediu aos demais países da UE um novo adiamento que se estenderia até 30 de junho, na esperança de obter um acordo alternativo das negociações da oposição e do Parlamento dentro de algumas semanas. Espera-se que outros líderes europeus respondam ao pedido de adiamento durante uma cúpula em Bruxelas, marcada para quarta-feira.