O ex-governador de Goiás, Zé Eliton (PSDB), é o mais recente alvo de uma operação da Polícia Federal deflagrada na manhã desta quinta-feira (28/3). A ação tem como objetivo apurar desvios de verbas na Companhia de Saneamento de Goiás, a Saneago.
Trata-se da segunda fase da Operação Decantação, onde o tucano Zé Eliton é um dos alvos. Estão sendo cumpridos, ao todo, cinco mandados de prisão, oito de busca e apreensão e também o sequestro de 65 imóveis.
De acordo com a Polícia Federal, empresários, dirigentes da empresa e agentes públicos são investigados pelos desvios, cometidos entre os anos de 2012 e 2016. Os mandados de busca e apreensão estão sendo cumpridos em endereços de investigados e pessoas ligadas ao ex-governador, em Goiânia e Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital.
Durante as buscas, os policiais acharam uma mala de dinheiro na casa de uma das mulheres detidas. Segundo a PF, há R$ 800 mil.
Um mandado de busca e apreensão também foi cumprido no condomínio onde reside Zé Eliton, o Reserva Du Parc, no Jardim Goiás.
A ação é decorrente da análise de materiais apreendidos na Operação Decantação, deflagrada em 2016, que desarticulou célula criminosa responsável pelo desvio de cerca de R$ 4,5 milhões da Saneago. Na análise, foi constatado que três empresas, de um único dono, foram beneficiadas em contratos junto à companhia de saneamento, mesmo com impedimentos fiscais e não sendo especialistas na prestação dos serviços demandados, o que indica direcionamento de licitação.
Chefe de Gabinete de Zé Eliton recebia recursos da Saneago, diz PF
Segundo as investigações, parte dos recursos recebidos pela prestação de serviços à Saneago era repassada para o chefe de gabinete do então governador do estado. Foi apurado ainda que o ex-vice-governador teria utilizado, por diversas vezes, uma aeronave de propriedade de uma das empresas beneficiadas pelos contratos.
Há indícios de que as empresas também eram utilizadas para lavagem de dinheiro, uma vez que ficou comprovada transferência de valores na ordem de R$ 28 milhões entre o chefe de gabinete do ex-governador e a conta de uma das empresas. Os envolvidos responderão, na medida de suas participações, pelos crimes de associação criminosa, peculato, corrupção passiva, corrupção ativa, fraudes em processos licitatórios e lavagem de dinheiro, sem prejuízo de demais implicações penais ao final da investigação.
O nome Decantação faz alusão a um dos processos de tratamento de água, em que ocorre a separação de elementos heterogêneos.