Uma transexual foi assassinada com cinco tiros na noite de domingo (24/3) por um ciclista três dias depois de ter escapado da morte, na quinta-feira (21/3), em Goiânia.
No primeiro ataque, ela conseguiu correr e nenhuma bala a acertou. Já no domingo, cinco tiros a mataram na hora, por mais que ela tivesse tentado escapar no Parque Atheneu, na capital.
O Grupo de Investigações de Homicídios (GIH) de Goiânia está investigando se os dois crime têm alguma relação. Para os policiais, testemunhas contaram que a vítima havia brigado com um casal que a ameaçou.
Ela foi encontrada após vizinhos ouvirem barulho de tiros. A perícia encontrou pelo menos cinco perfurações. Ninguém soube dizer como ela era chamada, mas no documento oficial ela tem o nome de registro Fabrício de Moura Lima.
Ninguém foi preso até o início da noite de segunda-feira (25/3), e nem a motivação do crime foi esclarecida.
A única certeza é que a transexual foi assassinada por um ciclista e que a vítima teria usado drogas dentro de uma casa abandonada.
Segundo o Instituto Médico Legal (IML), para onde o corpo foi levado e permanece sem identificação, dos cinco tiros que a acertaram, dois perfuraram o abdômen, outros dois os braços e um as costas, provavelmente quando ela tentou fugir da morte pela segunda vez.
Quando ouviram os tiros e se aproximaram, moradores ligaram para o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que, ao procurar por sinais vitais, percebeu que a vítima estava morta.
Para tentar encontrar um elo entre a tentativa de homicídio e a execução, a perícia vai analisar e comparar projéteis utilizados no atentado à vítima na quinta-feira com o material encontrado no domingo.
Morte de transexual em Goiânia é mais um capítulo da vulnerabilidade da pessoa trans
Para a reportagem, a psicóloga Roberta Fernanda de Souza, mestre em Saúde Mental, milita em prol de políticas púbicas para garantir a vida de pessoas em vulnerabilidade social.
Para ela, mais uma morte violenta reflete em dois pontos: a vulnerabilidade econômica e social. “Juntando isso tudo, pensamos que a vulnerabilidade é o abandono familiar, que não aceita a transformação do corpo da pessoa trans”, explica.
“A família vive em princípios e gera outras, inclusive a educacional. Dentro da educacional, tem a falta de emprego. Depois vem a questão da saúde. Tudo isso faz com que a pessoa trans seja mais vítima de crimes de ódio”, exemplifica.