Servidores da Universidade Estadual de Goiás (UEG) fizeram circular documentos acusando o reitor Haroldo Reimer de usar verba do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec) para pagar apadrinhados seus e de ter usado essa verba para pagar cabos eleitorais nas eleições no ano passado para quem trabalhasse para o candidato tucano, José Éliton.
O próprio reitor Haroldo Reimer recebe um complemento de R$ 7.500,00 todo mês, o que totaliza R$ 90.000,00 por ano, como consta de planilha do Pronatec referente ao pessoal que recebe pela UEG. A assessora direta do reitor, Francielly de Abreu também recebe como se trabalhasse para o ensino técnico e tivesse direito a uma remuneração complementar de R$ 3.500,00.
A ex-chefe de gabinete do reitor, Juliana Oliveira Almada igualmente recebe um complemento generoso de R$ 7.000,00. A “Desalmada”, como Juliana é conhecida no meio acadêmico, conseguiu emplacar seu marido, Antônio Sérgio Fidélis de Souza com a mesma sinecura de não trabalhar na UEG e receber os farturentos R$ 7.000,00 mensais.
Ele foi candidato a vereador na pequena cidade de Campo Limpo de Goiás, próxima de Anápolis, nas eleições de 2016 e teve 207 votos. Na cidade contam que ele aparece alguns dias por mês e frequenta a cerâmica que seu pai tem em Campo Limpo.
Mas, “Desalmada” foi além e conseguiu uma verbinha de R$ 2.500,00 para a cunhada, Serjane Fidelis de Souza, irmã de Antônio Sérgio e que igualmente não tem qualquer vínculo empregatício com a UEG. O marido da “Desalmada” recebeu seus R$ 84.000,00 anuais a título de exercer a função de “Planejamento e estruturação administrativa e logística para oferta dos cursos tecnólogos”.
Cabos eleitorais que trabalharam para a campanha do PSDB em 2018 receberam dinheiro do Pronatec
Servidores graduados da UEG reiteram que grande parte dos salários pagos com dinheiro do Pronatec era destinada a cabos eleitorais que trabalharam na campanha de 2018. Há relatos de que funcionários de outros setores do Estado recebiam do Pronatec e que trabalhavam de fato na campanha para candidatos da base aliada como deputados, senadores e até José Éliton, candidato derrotado à reeleição.
E por aí vai a farra do boi com o dinheiro do Pronatec. Pró-reitores, como Marco Antônio Cunha Torres, que recebe R$ 7.000,00 e sua filha Maria Inês Cunha Torres (R$ 2.500,00) e até o presidente do Conselho Estadual de Educação, Marcos Elias Moreira que também tem direito aos R$ 7.000,00, segundo o reitor.
O detalhe principal é que agentes públicos como Haroldo Reimer, também chamado de “altíssimo” pela comunidade da UEG, Juliana Almada e diretores de campi como Marcília Romano e outros têm dedicação exclusiva e não poderiam receber essa gratificação.
Transferência
O “altíssimo” Haroldo Reimer conseguiu uma proeza: a pró-reitoria de assuntos administrativos, sob sua subordinação, aceitou seu pedido de remoção para o campus de Aparecida de Goiânia, vindo do campus de Iporá.
Acontece que haviam outros professores na fila de espera para Aparecida e que foram preteridos porque não são reitores nem “amigos do rei”. Quem ficou de fora do benefício não ousa se revelar por medo de represálias e sabe que somente após Reimer ver desfeito seu claustro poderão sair do anonimato.
Por ser verba federal o Pronatec enseja investigação federal. O Ministério Público Federal já foi acionado sobre o caso e determinou investigações.