O ex-presidente da antiga Agetop, Jayme Rincón, é alvo de investigações da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF) que querem descobrir onde ele teria escondido R$ 100 milhões em espécie ou aplicações em paraísos fiscais. Jayme foi preso duas vezes no final do ano passado por envolvimento em denúncias de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa e na primeira vez, Marconi Perillo só não foi preso porque estava candidato ao Senado no dia, mas foi logo depois.
Segundo fontes do MPF as suspeitas de que Jayme era o principal operador do esquema em Goiás batem com as atividades de outro operador famoso dos tucanos, o engenheiro Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, ex-presidente da Dersa, órgão similar em São Paulo. “Já se sabe que Paulo Preto amealhou uma fortuna de mais de R$ 100 milhões e que escondeu esse dinheiro em algum lugar. Em Goiás o volume de dinheiro fruto de desvios que passou pelas mãos de Jayme Rincón é igual e a expectativa dos órgãos de investigação é que possamos chegar a esse numerário”, resume um investigador.
Esse mesmo auxiliar do MPF que acompanha as investigações considera que seja questão de tempo porque, mesmo que as operações de maquiagem dos rumos do dinheiro tenham sido bem sucedidas até agora pode chegar um momento em que a verdade venha à tona. “Dinheiro deixa rastro, deixa cheiro. A máxima de Mark Felt, o chefão do FBI que desmascarou o escândalo de Watergate e derrubou o presidente dos Estados Unidos, é justamente sobre os passos do numerário. Siga o rastro do dinheiro, ensinava ele”, frisou.
Jayme Rincón foi preso na Operação Cash Delivery
Primeiramente Jayme Rincón foi preso na Operação Cash Delivery, a poucos dias do primeiro turno das eleições. O MPF chegou a pedir a prisão de Marconi, mas como ele era candidato a senador (ficou em quinto lugar na votação) o juiz negou sua prisão. Jayme foi preso em sua casa e seu filho preso em São Paulo. Seu motorista foi preso com R$ 1,2 milhão em espécie o que provocou a ira do então governador José Éliton. Conta-se que nesse dia, após saber que o auxiliar de Jayme guardava uma pequena fortuna em dinheiro vivo em casa Éliton jogou a toalha e desistiu totalmente da campanha.
Em juízo Jayme Rincón confessou que realmente recebeu R$ 1 milhão da Odebrecht em 2014 em seu apartamento em São Paulo, mas tentou descaracterizar a acusação de corrupção passiva. Ele disse que o dinheiro teria sido utilizado para “pagamento de dívidas de campanhas eleitorais de aliados” naquele ano. Todavia, não indicou quem recebeu o dinheiro, quais campanhas receberam o dito “caixa 2” nem informou a título de qual contribuição a Odebrecht estaria fazendo o aporte milionário.
No dia 6 de dezembro Jayme Rincón foi preso novamente na esteira da Operação Confraria, um desdobramento da anterior, com outros 10 mandados de busca e apreensão e outros seis de prisão, inclusive do presidente da Codego, Júlio César Vaz. Esse é sócio de Jayme Rincón em uma casa na paradisíaca praia de Búzios, no Rio de Janeiro.
Agentes estiveram em endereços ligados a Jayme em Goiás, na casa de Búzios e São Paulo. Parte da vigilância foi destinada a Três Ranchos, na beira do lago no Rio Paranaíba, onde uma casa cinematográfica é conhecido destino de Rincón. Havia a suspeita de que lá tivesse sido construído um cofre forte subterrâneo para guardar parte do dinheiro.
“Em breve teremos mais novidades sobre o dinheiro de Jayme Rincón”, garante uma fonte do MPF. Como no caso do operador paulista da tucanagem, Paulo Preto, os policiais e procuradores querem a quebra do sigilo bancário de Jayme Rincón e pessoas próximas a ele para desvendar por onde passou o dinheiro.