O médico Ismael Alexandrino Júnior assumiu o desafio de comandar a pasta da Saúde em Goiás escudado pelo sucesso desempenhado em Brasília na mesma função como adjunto e como diretor do Instituto Hospital de Base de Brasília, um dos mais respeitados hospitais públicos do País. Goiano de São Luís de Montes Belos ele cursou medicina em Recife, foi oficial médico da Marinha e tem larga experiência como gestor na saúde pública.
Em entrevista ao Portal Dia OnLine o secretário falou sobre a experiência acumulada e os gargalos identificados em Goiás. Desenhou soluções a serem implementadas nos próximos meses, como a gestão dos serviços de regulação e enumerou problemas a serem enfrentados. Otimista, ele disse textualmente que a saúde pública no Brasil é possível que chegue a todos os indivíduos, bastando corrigir os erros do passado. Ismael Alexandrino reafirmou que o modelo de gestão por Organizações Sociais é possível e viável, desde que tomadas cautelas necessárias e apontou mudanças em um futuro próximo.
A principal medida anunciada pelo secretário é que o Estado de Goiás vai assumir o gerenciamento da regulação de exames e internações dentro de seis meses. E vai assumir plenamente, sem terceirizar para uma OS.
Confira a entrevista com o secretário de Saúde, Ismael Alexandrino
Dia OnLine – O senhor vem de uma experiência no terceiro setor. O que o senhor traz de mais positivo para a gestão da saúde em Goiás?
Ismael Alexandrino Júnior – Creio que aliar aquilo que o setor privado ou o terceiro setor tem de mais positivo, que é a eficiência e a rapidez nas ações, a celeridade, a otimização de recursos aliados à governança que o setor público tem ou deveria ter. Além disso queremos ter uma visão macro de saúde, de rede. Percebemos que o Estado pensa saúde de forma fragmentada e o Sistema Único de Saúde precisa ser pensado de forma global, ampla.
Dia OnLine – Quais os principais gargalos que o senhor e sua equipe identificaram?
Ismael Alexandrino Júnior – Um dos mais críticos é uma regulação eficiente, que implica em gerenciamento de filas e acesso a serviços para a população. O fluxo não está bem estabelecido, não é claro e não é transparente para a população nem para os gestores. Isso atesta a ineficiência operacional dos hospitais, ou seja, os hospitais têm capacidade de entregar mais produtividade do que entregam hoje e isso só não acontece por culpa da regulação.
Dia OnLine – Então o Estado vai assumir a regulação? Em quanto tempo?
Ismael Alexandrino Júnior – Sim. Dentro de seis meses no máximo. E será gestão própria, não por Organização Social. A governança da regulação precisa ser do Estado, que é quem consegue enxergar os equipamentos de saúde de cima e vê todas as unidades de saúde. E isso não pode ser feito por um ente de fora do Estado. Vamos ter muito diálogo com a Prefeitura de Goiânia e os outros municípios de gestão plena de saúde para que o Estado assuma o complexo regulador.
Dia OnLine – A maioria das Organizações Sociais está com prazo de atuação se exaurindo. O que vai acontecer depois disso?
Ismael Alexandrino Júnior – Aquelas que entendermos que prestam um serviço bom, razoável mas, com preço acima do justo vamos propor um aditivo, mas com preços e metas modificados completamente. Aquelas que estejam com situação financeira desequilibrada faremos um chamamento já no primeiro momento e outras que tiverem problemas com a Justiça, alguma coisa de corrupção, certamente partiremos para uma substituição por chamamento, porque não dá pra pensar em aditivo com esse tipo de instituição. Mas, vamos tratar tudo de forma muito transparente, séria e respeitosa. Não perdendo de vista as metas que precisam ser ampliadas e muito.