Com 1 ano e 10 meses, o corpo de Jhonathan Henrique Silva de Oliveira foi encontrado no domingo (18/2) vestido com uma camiseta branca, com desenhos de ondas e mar, e uma bermudinha azul, em um córrego de Maurilândia, no Sudeste de Goiás.
O bebê foi visto com a mãe, Joana Darc da Silva, de 37, pela última vez na última quinta-feira (14/2) quando foram a um supermercado comprar chupeta.
As sandálias do homem-aranha ainda estavam presas aos pezinhos do corpo do bebê que há poucos meses começou a correr pela casa da avó Maria de Lurdes da Silva, 54, se tornando a maior felicidade da família. O conjuntinho e as sandálias ajudaram um tio a reconhecer o bebê por uma fotografia.
Com poucas palavras, Jhonathan era o caçula de quatro netos de Maria de Lourdes – dos quais três filhos de Joana.
O bebê tirava a chupeta da boca apenas para mastigar frutas e verduras com os poucos dentinhos que rasgavam sua gengiva. Era uma das forças da mãe, que há seis anos vinha sofrendo com esquizofrenia. A doença a afastou do marido e dos dois filhos mais velhos, de 17 e 14 anos.
Joana, um dia, aceitou o convite do ex-marido Juliermes Rodrigues de Oliveira, de 40 anos, para sair. “Aí ela engravidou do Jhonathan”, disse ele, que cuida há seis anos dos dois primeiros filhos.
Vídeos do bebê:
Avó ajudou no parto de bebê que morreu em Maurilândia
Quando Joana sentiu as contrações, Maria de Lurdes correu para o hospital com a filha. Contrariando o médico, que disse que o bebê demoraria a nascer, a bolsa estourou minutos depois. E o menino nasceu. Foi Maria quem ajudou a tirar o restante do neto e o colocou no colo, enquanto a enfermeira cortava o cordão umbilical.
É esta mulher, inconsolada, que não consegue dormir nos últimos quatro dias que vai ter de unir forças para se despedir de um netinho silenciado por uma morte misteriosa e ainda aguardar notícias do paradeiro da filha, que permanece desaparecida.
O delegado responsável pelas investigações, Maurício Santana, que responde pelos municípios de Rio Verde, Castelândia e Maurilândia, tem feito oitivas informais. Ou seja, ouvindo pessoas próximas e acompanhando o trabalho do Corpo de Bombeiros que busca pela mãe do bebê. “Ainda trabalhamos coma hipótese de desaparecimento”, disse ao Dia Online.
A tia do menino, Carla Maria de Jesus, que mora na mesma casa de mãe e filho, tenta não demostrar desespero. Foi ela que viu pela última vez a irmã saindo com o sobrinho para ir ao mercado. “O biquinho dele estava todo mordidinho e ela foi comprar outro”, lembra. “Ele estava sorridente, segurando as mãos dela, com a roupinha que eu tinha dado para ele.”
Fragilizada, se recorda do menino emburrado quando não deixavam-no assistir Galinha Pintadinha no celular. “Era nossa felicidade. Comia de tudo, só não gostava de leite. Comia beterraba, cenoura e jiló cru mesmo”, diz a tia.
Quando falava com o repórter, Juliermes aguardava a liberação do corpo do filho no Instituto Médico Legal (IML). “Ainda não consigo pensar em como meu neném vai fazer falta”, diz, ao comentar que vai carregar abraçado o caixãozinho branco pelo Cemitério de Goiatuba.
Antes do sepultamento na tarde desta segunda-feira (18/2), a família vai se despedir do menino que dias antes de desaparecer corria entre os móveis, sorrindo e alegrando a todos em Maurilândia.