A formação da cultura goiana teve fortes influências das artes plásticas, que durante muito tempo representaram um dos setores mais movimentados do estado. Entre os séculos 19 e 20, essa era uma área que sempre estava sob os holofotes da mídia. Grandes artistas goianos se reuniam em prol de causas maiores e sempre se conectavam visando construir algo que realmente inspirasse e mostrasse não apenas para o país, mas também para o mundo, um pouquinho da cultura e da vida no estado.
As artes ganharam ainda mais força com a criação da Escola Goiana de Belas Artes, no ano de 1952. Grandes nomes atuavam como professores na instituição e, desse núcleo, formou-se uma geração de artistas que também viriam a conquistar expressividade no cenário nacional e internacional.
Fato é que Goiás representa uma boa parcela do cenário de artes visuais do Brasil. Centenas de artistas goianos construíram obras realmente expressivas e de rica importância histórica e cultural. Aqui, separamos uma pequena lista com alguns entre os nomes mais lembrados nas artes plásticas do estado, que com certeza, possuem contribuição inestimável para a formação de nossa cultura. Confira!
Conheça alguns entre os grandes artistas goianos!
1 – Henning Gustav Ritter
Mais conhecido apenas como Gustav Ritter (1904-1979), foi um arquiteto e artista plástico alemão, naturalizado brasileiro. Ele se mudou para o país ainda em 1936, naturalizando-se brasileiro no ano de 1947. No ano de 1949 se mudou para Goiânia, cidade em que teria enorme influência artística.
O processo artístico em Goiás, no entanto, começou a se estruturar de fato apenas a partir de 1953, com a inauguração da Escola Goiana de Belas Artes (EGBA), onde Ritter teve grande participação no desenvolvimento.
Conhecido como um dos maiores artistas goianos, seu trabalho influenciou a consolidação da linguagem moderna na produção de arte do estado. Apenas para que você tenha ideia, foi o primeiro a compreender o impacto da estética avançada da nova capital, percebendo a intensa produção artística do estado.
Seu trabalho foi baseado na abstração, trabalhando o estilo na construção de esculturas com mínimos elementos geométricos. Seu olhar foi empenhado em formular uma síntese entre cultura e natureza, onde o corpo orgânico da escultura sempre ganhava proeminência.
2 – Frei Nazareno Confaloni
Frei Nazareno Confaloni (1917-1977), nasceu na Itália e chegou em Goiás apenas em 1950, fazendo parte da missão evangelizadora da Igreja Católica na América. Pintor, muralista, desenhista e professor, sua primeira tarefa no estado foi pintar os afrescos que atualmente se encontram na Igreja do Rosário, cidade de Goiás.
Se mudou para Goiânia no ano de 1952. É um dos idealizadores da Escola Goiana de Belas Artes (EGBA), responsável por incentivar o movimento artístico no estado. Embora sua principal dedicação fosse à batina, o Frei deixou diversas pinturas com temas religiosos e com partes do cotidiano goiano.
Na capital goiana, seu trabalho pode ser contemplado na entrada da Antiga Estação Ferroviária, que por sinal, precisava de restauração. Atualmente o local passa por reformas e consequentemente, as obras de arte deixadas por Confaloni, considerado um dos maiores artistas goianos, também serão restauradas.
3 – José Joaquim da Veiga Valle
Popularmente conhecido como Veiga Valle (1806-1874), foi um escultor e dourador no estado de Goiás. Nascido em Pirenópolis, foi um forte representante da arte barroca no estado, onde expressou riqueza de detalhes em suas obras de imagens sacras, que sempre contavam com delicadeza extrema.
Embora seja um dos mais reconhecidos artistas goianos, não se sabe ao certo quais foram suas formações artísticas, supondo-se que tenha sido autodidata. Grande parte das esculturas de Veiga Valle foram esculpidas em cedro, que era seu tipo preferido de madeira.
4 – Octo Marques
Octo Marques (1915-1988) foi um dos maiores artistas goianos, no entanto, não teve reconhecimento no tempo em que merecia. Pintor primitivista e um grande escritor, acabou sofrendo os reflexos de uma vida triste, onde acabou se perdendo em meio ao alcoolismo.
Mesmo assim, era um homem de criatividade e sensibilidade imensa. Ele pintava a ingenuidade da cultura goiana, captando em cada detalhe a alma desse povo. Tinha um excelente gosto e talento nato, no entanto, sua forma simples de ser e se vestir e a falta de preocupação em se mostrar para a mídia, acabaram fazendo com que o artista não tivesse o reconhecimento que merecia, sendo excluído por certos círculos dos quais deveria fazer parte.
Infelizmente, Octo faleceu em 1988, passando seus últimos dias solitário e mergulhado em seu vício. Foi apenas depois de sua morte que a obra deixada começou a ganhar valor e ser reconhecida, embora até hoje não tenha exatamente tudo aquilo que sempre mereceu.
5 – Antônio Poteiro
Antônio Batista de Sousa (1925-2010) foi um escultor, ceramista e pintor de origem portuguesa, no entanto, veio para o Brasil quando ainda tinha um ano de idade. Atualmente, é considerado como um dos maiores mestres da pintura primitivista brasileira.
Sua vida artística começou no artesanato, onde produzia cerâmicas para uso doméstico, máscaras e bonecos. Inclusive, o nome “Poteiro” veio exatamente dessa habilidade, já que ele fazia potes de flores. A pintura entrou em sua vida no ano de 1972, onde já dava início a uma enorme contribuição nas artes goianas.
Já em 1976 participou do documentário “Artistas de Goiás”, produzido pela Goiastur. Entre tantos prêmios, um dos mais importantes veio em 1985, quando recebeu o prêmio da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA 1984) na categoria escultura.
6 – Cléa Costa
Gravadora, pintora, desenhista e professora, Cléa Costa Vieira graduou-se na Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Goiás em 1967. A arte em sua vida começou como um verdadeiro mergulho na matéria. Segundo Antonio Zago: “areia, terra, madeira, corda, cordões, renda, aniagem, arame – duas, três, quatro, cinco camadas de cola. E sobre tudo isso, a cor: tinta, pigmento, óleo, esmalte, ou seja lá o que for, desde que se atinja o resultado previamente sonhado, adivinhado, desejado”.
De acordo com sua fala, Cléa Costa constrói uma arte não figurativa, não simbólica. Tudo é feito em formas puras e simples, mas com uma tensão que sempre inspirava a reflexão. Sem dúvidas, uma das maiores artistas goianas que o estado já viu, reconhecida internacionalmente por seu estilo.
7 – Cléber Gouvea
Cléber Gouvea (1942-2000), foi um pintor, gravador, escultor e professor. Embora tenha origem em Minas Gerais, o artista foi fundamental para a transformação das artes em Goiás, até porque, atuou como professor no Instituto de Belas Artes de Goiânia no ano de 1962, e no Instituto de Artes da Universidade Federal de Goiás desde 1979.
Por meio de constantes pesquisas em texturas e formas, sua pintura tinha resultados abstracionistas. Sempre inovando na representação de minerais e vegetais, o artista representou de fato uma ruptura radical na pintura goiana, fato que o transformou em um dos maiores ícones do estado.
8 – Ana Maria Pacheco
Entre os grandes artistas goianos, encontramos Ana Maria Pacheco. Escultora, pintora, desenhista e gravadora, sua obra é capaz de unir o arcaico com o contemporâneo, o que foi uma grande contribuição para as artes no estado. Por ter vivido muito tempo em Londres, carrega consigo alguns traços e estilos que são heranças do lugar.
Domina a percepção da cultura contemporânea e ao mesmo tempo, consegue articular com o contexto de grande concorrência e rivalidade, sem se deixar absorver, sempre mantendo a autenticidade e originalidade que a ligam ao âmbito brasileiro. Por vezes, sua obra faz referência às tradições populares, criando mundos novos e particulares que se apropriam de imagens metafóricas, resultando em obras até mesmo sombrias.
9 – Siron Franco
Gerisson Alves Franco, mais conhecido como Siron Franco, também é um dos mais lembrados artistas goianos. Nascido no ano de 1947, na Cidade de Goiás, é pintor, escultor e desenhista, sendo que sua obra é reconhecida não apenas nacionalmente mas também internacionalmente.
Como pintor, ganhou notoriedade após partipar da 12ª Bienal Nacional de São Paulo, em 1974, onde ganhou o prêmio de melhor pintor do ano. Muito ligado a questões sociais, sua obra se faz uma crônica da contemporaneidade. Temas como o o acidente com o césio 137, o desrespeito aos povos indígenas e a devastação da natureza já foram temas para importantes obras do artista.
10 – Omar Souto
Omar Souto é de Itaberaí, bastante conhecido por ser um artista plástico autodidata. Sua obra possui reconhecimento nacional e internacional por ser autêntica e espontânea, já que suas pinturas figuram o cotidiano popular da vida goiana. Vale lembrar que a partir do ano de 1971, realizou em diversas cidades brasileiras importantes mostras de suas obras.
A Via Sacra – projeto que conta com 14 obras de arte ao longo da GO-060, em mais de 19 km que ligam as cidades de Goiânia e Trindade – é de autoria de Omar Souto. O local ficou conhecido como “Rodovia dos Romeiros”.