A crise financeira em Goiás, que já se arrastava há algum tempo e eclodiu recentemente de maneira quase catastrófica, tem afetado várias áreas da sociedade e a pesquisa é uma das grandes afetadas. Alunos bolsistas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás, a Fapeg, são alguns dos que estão com as suas pesquisas e até a própria sobrevivência comprometidas devido à falta de repasse dos valores das bolsas. Eles relatam que mesmo ativos, estão sem receber desde outubro do ano passado, e contam ainda que a fundação se encontra em tal descaso que nem mesmo um novo presidente foi nomeado pelo Estado desde a exoneração do último.
Alyson Fernandes, de 23 anos, é um dos pesquisadores que perece com o abandono do Governo de Goiás da Fapeg. O pesquisador, da área de Ciências e Matemática, relata que o último mês que a bolsa foi paga foi outubro do ano passado, e o pagamento só foi liberado em dezembro. O prazo para o pagamento, que seria no dia 25 de cada mês, quase nunca é respeitado. “Sempre foi assim, a gente sempre recebe um mês depois do prazo, ou até mais”, conta.
O pesquisador é graduado em Matemática pela Universidade Federal de Goiás (UFG), e faz o mestrado com a bolsa da Fapeg. A Fundação, de competência estadual, atua no financiamento de projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação no incentivo à capacitação de recursos humanos para a ciência e tecnologia, por meio de bolsas em diversos níveis de formação. Como demanda dedicação integral do pesquisador, este fica impossibilitado de trabalhar, tendo que contar apenas com o valor da bolsa, de R$ 1.350 para o mestrado e R$ 2 mil para o doutorado.
Alyson conta que ainda tem sorte, pois mora com os pais e pode contar com a ajuda deles. Mas muitos dos pesquisadores da Fapeg contam apenas com o valor recebido pela bolsa, e como não estão recebendo, enfrentam sérias dificuldades. “Tem gente com dificuldade séria, até para comer, porque não está recebendo a bolsa”, revela.
Presidente da Fapeg foi exonerada, sem haver reposição
Outro fator que é também alvo de preocupação dos pesquisadores da Fapeg é o descaso que enfrenta a fundação. Isso porque a última presidente, Maria Zaira Turchi, foi exonerada pelo governo anterior em dezembro do ano passado, e nenhum outro foi colocado no lugar. A Fapeg, atualmente, encontra-se sem coordenador, diretor e presidente, o que faz com que os pesquisadores não tenham a quem recorrer.
“Eles [da Fapeg] também estão perdidos, porque estão sem presidente e sem coordenador. Quando procuramos a fundação, nos dizem para procurarmos nossas instituições e ninguém dá um posicionamento definitivo”, desabafa Alyson.
Secretaria do Desenvolvimento se manifesta
Procurada pela reportagem do Dia Online, a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação (SED) disse, por meio de sua assessoria, que o pagamento das bolsas referente a novembro de 2018 já foi liberado, e deve acontecer nos próximos dias.
A SED ainda afirma que a indicação da nova diretoria da Fapeg deve ocorrer apenas após a finalização da reforma administrativa do novo governo de Goiás.
Confira abaixo a nota na íntegra:
“A Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Científico e Tecnológico e de Agricultura, Pecuária e Irrigação (SED) informa que foram liberados R$ 1,166 milhão para o pagamento de 751 bolsas de pós-graduação, mestrado e doutorado da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), referentes ao mês de novembro de 2018.
As medidas administrativas e financeiras já estão sendo tomadas para que o pagamento seja efetuado nos próximos dias.
A SED informa ainda que, após a exoneração feita pela gestão anterior, os novos nomes para a diretoria e presidência da Fapeg ainda não foram indicados. Isso deve ocorrer após a finalização da reforma administrativa.”