Uma decisão do juízo da 11ª da Justiça Federal, que corria em segredo de justiça, determinou o bloqueio de cerca de R$ 22 milhões em imóveis do ex-governador de Goiás, Marconi Perillo, e do ex-presidente da Agência Goiana de Transportes e Obras (Agetop), Jayme Rincón, assim como de sua família. A medida de arresto, que consiste na apreensão judicial de bens para garantir a futura cobrança da dívida, foi decretada no mês passado e ocorreu no âmbito da operação Cash Delivery.
A divulgação da decisão só agora foi possível pois era mantida em segredo de justiça até que a ordem de arresto fosse cumprida. O pedido de arresto foi feito pelo Ministério Público Federal (MPF), que considerou a medida essencial para resguardar eventual condenação ao ressarcimento dos valores recebidos como propina, uma vez que os investigados, Perillo e Rincón, poderiam se desfazer de seu patrimônio até o julgamento final do feito.
Além do ex-governador Marconi Perillo, a decisão judicial determinou o arresto de bens imóveis de Jayme Eduardo Rincón (ex-presidente da Agetop), Heloísa Moraes Godoi Rincón, Natália Godoi Rincón, Rodrigo Rincón, Isabela Godoi Rincón, Márcio Garcia de Moura, Pablo Rogério de Oliveira, Carlos Alberto Pacheco, Ronais Participações e Investimentos Ltda (empresa registrada em nome dos filhos de Jayme Rincón) e MV Participações Ltda (empresa registrada em nome de Marconi Perillo e Valéria Perillo).
Empresas de Jayme Rincón e Marconi Perillo seriam fachadas, de acordo com MPF
Com relação aos bens alvos de arresto da família Rincón, as investigações apuraram que embora estejam em nome da empresa Ronais Participações e Investimentos Ltda, eles são, na verdade, de Jayme Rincón. Conforme apurado, pelo MPF, Jayme e sua esposa Heloisa, em 2009, constituíram a empresa Rincon e Godoi Participações e Investimentos Ltda para administrar os bens da família.
A empresa não possui empregados registrados e, embora conste dos cadastros da Receita Federal que seu endereço é no edifício Montreal Office, em Aparecida de Goiânia, apurou-se que, de fato, funcionava dentro da Agetop, na gestão do seu então presidente, Jayme Rincón.
Assim como no caso da Ronais, a empresa MV Participações Ltda, que tem como sócios Marconi Perillo e sua esposa Valéria Perillo, o MPF aponta que ela teria sido criada para gerir o patrimônio do ex-governador de Goiás. A última declaração de Imposto de Renda de Perillo (exercício de 2017) indica a transferência de três imóveis em nome de Marconi para a MV, possivelmente para retirá-los de seu nome com o fim de resguardá-los de eventuais ações judiciais em seu desfavor.
A reportagem do Dia Online segue tentando contato com as assessoria de Marconi e Jayme.
Operação Cash Delivery
A operação Cash Delivery é um desdobramento das investigações da Lava Jato e decorre de acordos de leniência e colaboração premiada firmados pelo MPF com a Construtora Norberto Odebrecht e seus executivos. Segundo os colaboradores, quando ainda era senador e, depois, também como governador, Marconi Perillo solicitou e recebeu propina no valor de R$ 2 milhões em 2010, e de R$10 milhões, em 2014, em troca de favorecer interesses da empreiteira relacionados a contratos e obras no estado de Goiás.
Com colaboração de Hélmiton Prateado