Para o EP ‘Cute But Psycho’, cantora escreveu websérie e trocou clipes por fotografias
O ano de 2018 foi agitado para a cantora Manu Gavassi. Seu último disco, Manu, de 2017, ainda estava sendo divulgado – ganhou no ano passado os clipes de ‘Me Beija’ e ‘Ninguém Vai Saber’ – quando a também atriz começou a gravar a série infanto-juvenil ‘Z4’, para o SBT e o Disney Channel. Não deu tempo de gravar um novo álbum e ela decidiu encerrar o ano com um EP com três músicas inéditas, ‘Cute But Psycho’, lançado em dezembro.
“Para um disco eu gosto de pensar na estética, criar uma coerência”, ela explica ao jornal O Estado de S. Paulo. “Isso leva muito tempo de dedicação. É por isso que lancei o EP, estava fazendo um milhão de coisas ao mesmo tempo, já tinha essas três músicas, decidi amarrar numa história e lançar.”
O lançamento não foi convencional. Ao divulgar as três faixas – ‘Cute But Psycho’,’ talvezeunemteame (tantoassim)’ e ‘Sim, é sobre você’ -, ela optou por não apresentar nenhum videoclipe, mas sim uma história contada por fotografias analógicas, postada com legendas em suas redes sociais. A inspiração foi o trabalho da artista palestina Sarah Bahbah, que faz sucesso no Instagram. “Admiro muito a Sarah. Cheguei até a marcar uma reunião com ela em Los Angeles, mas não conseguimos fazer nada juntas, por conta da minha agenda.”
Manu, então, decidiu tocar a ideia, que ela já vem planejando há dois anos, com sua equipe no Brasil. “A linguagem da música está mudando, a forma que a gente consome música está mudando e eu não senti vontade de fazer um clipe”, ela explica, sem descartar a possibilidade de, no futuro, gravar um vídeo. “Se eu tiver alguma grande ideia, pode ganhar clipe.”
Para a cantora de 26 anos, já em atividade há quase 10, este é o projeto pessoal do qual mais se orgulha. “Gostei muito do resultado. Consegui misturar foto, moda, arte e música, tudo que eu gosto”, ela diz. “As fotos são analógicas e deu outra textura para o trabalho. É uma realização pessoal.”
Além de cantora, Manu Gavassi é também atriz e, em 2017, escreveu seu primeiro livro, ‘Olá, Caderno’. Fã de séries de TV clássicas, como ‘The O.C.’, ela começou a desenvolver o desejo de se arriscar como roteirista. Seu primeiro projeto é uma websérie, de cinco episódios, que foi lançada antes das novas músicas chegarem às plataformas digitais, no final de 2018.
‘Garota Errada’, em referência ao seu primeiro e maior sucesso musical, ‘Garoto Errado’, lançado em 2010, traz Manu em monólogos sobre sua vida pessoal e carreira, quase como uma terapia, além de algumas cenas cômicas com convidados especiais, que vão desde os seus próprios pais aos atores Larissa Manoela e João Côrtes. “Escrevi algumas coisas e eram brincadeiras sobre a minha vida, meus traumas, minhas inseguranças”, revela. “Eu não me levo a sério, a vida fica mais leve assim, tenho essa maneira de me zoar para a minha família e os meus amigos”, completa.
A arte de rir de si mesma na série, segundo Manu, garante uma autocrítica antes das opiniões de outras pessoas. “Quando as pessoas veem que nem você se leva a sério, elas pedem o poder de criticar e odiar. Percebi isso lançando a série.” Em um dos episódios, Larissa Manoela é convidada para mostrar, em cena, que Manu Gavassi não é mais uma artista teen. “Fiquei muito feliz que ela topou participar e se zoar junto, mostra muita maturidade dela.”
Para Manu, ela cresceu e o seu público cresceu junto. “É engraçado que eu sempre ouvi das pessoas que Manu tem um público infantil. Realmente era quando eu tinha 17 anos e eles 16, mas hoje eu tenho 26 e eles 25”, ela brinca. “Essa galera foi crescendo comigo, por isso a resposta do público foi tão legal, eles lembram de todas as fases, não só da minha adolescência, mas a adolescência deles também.”
Com o sucesso da websérie, que se aproxima de quase um milhão de visualizações por episódio no YouTube, Manu deseja repetir a estratégia de lançar EPs, atuar e escrever em 2019. “Acho que é mais ou menos dessa maneira que vou continuar trabalhando este ano, para fazer várias coisas ao mesmo tempo.”