‘Ama-San’ fala de mergulhadoras que ganham a vida buscando pérolas e também ouriços e mariscos no mar
Ama-San é um filme da portuguesa Claudia Varejão realizado no Japão. O título designa as mulheres do mar, mergulhadoras que ganham a vida buscando sob a superfície pérolas, mas também ouriços, mariscos, lagostas e, em especial, o abalone, um tipo de molusco muito apreciado no Japão.
Afora uma pequena introdução inicial em off, todo o resto do documentário é de observação, sem intervenção de depoimentos, “especialistas” ou mesmo entrevistas com as personagens. Estas são observadas, por uma câmera sensível, em seu dia a dia. Que, aliás, é muito revelador de um tipo de cultura.
As ama-san parecem tão delicadas em suas vidas, até na maneira de comer e se relacionar com outras pessoas e com as crianças, e são muito corajosas e competentes quando se encontram no mar. Delicadeza e valentia não se excluem.
As cenas são filmadas numa vila de pescadores de Wagu, na qual as mulheres mergulhadoras dão continuidade a uma tradição de mais de 2 mil anos. Elas são levadas por barco até o lugar do pesqueiro e então se lançam às águas, protegidas por uma roupa de borracha, máscara e luvas, mas dispondo apenas de pés de pato, uma faca e seu fôlego para realizar a tarefa.
Conseguem permanecer três minutos sem voltar à superfície e mergulham em até 20 metros de profundidade.
Bem, essas são informações. O filme se ocupa apenas de registrá-las em suas tarefas, mas também em suas festas, e em seu trabalho, com os mergulhos lindamente fotografados, como se fosse uma coreografia subaquática.
Transformar essa beleza em palavras é, necessariamente, empobrecê-la. De qualquer forma, o sentimento que se tem é de admiração e respeito por essa mulheres, de três gerações diferentes, tão calmas e gentis, habilidosas e valentes. São imagens que valem por muitos e muitos discursos sobre igualdade.