Para comemorar os 30 anos de seu primeiro disco, lançado em 1987, o grupo paulista Violeta de Outono resolveu se reunir, recentemente, em sua formação original, para um show especial. A apresentação, porém, deixou um gostinho de quero mais nos integrantes, e agora o trio volta a se reunir para dois novos shows, que serão realizados no Centro Cultural São Paulo (CCSP) nos dias 12 e 13 de janeiro.
As novas apresentações servem de comemoração ao fato de que o EP Reflexos da Noite (1986) e os dois primeiros discos da banda, Violeta de Outono (1987) e Em Toda Parte (1988), ganharam novas edições especiais. “Esses álbuns representam uma essência de amizade, sonhos e paixão”, analisa o atual vocalista da banda, Fabio Golfetti, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. “É algo que fizemos com o coração, num momento que foi possível em nossas vidas e, para nossa sorte, estávamos no lugar e momento certos.”
Formada nos anos 1980, a banda Violeta de Outono ficou conhecida por misturar o pós-punk com rock progressivo.
O trio original decidiu fazer uma pausa em 2004, após uma temporada de shows com uma orquestra. O grupo, porém, continuou como um quarteto, com novos integrantes, que chegou a gravar uma trilogia de discos. Agora reunido, o trio original ganha um novo reforço, Gabriel Golfetti, filho de Fabio.
“Ele fará os efeitos que nos discos foram tocados com outros instrumentos. Queremos manter a identidade e sonoridade do trio original”, explica Fabio, que diz que em casa, enquanto crescia, Gabriel sempre conviveu com instrumentos musicais. Por isso, a união do jovem ao Violeta de Outono foi natural. “Percebo que a música permeia a vida dele, de forma que, quando começamos a tocar, não foi preciso uma ‘prova de avaliação’, estamos numa mesma sintonia, que é a vibe da casa.”
Nos ensaios para os novos shows, Golfetti afirma que o clima é de amizade. “Somos muito amigos há anos. Angelo foi meu amigo de escola. Claudio conheço desde antes de formar o grupo Zero. Sempre estamos em contato e nos encontramos além da música.”
Os shows no CCSP devem apresentar as versões originais da música, porém com algumas diferenças sutis. “Ao vivo, o som é mais cru e visceral, por isso acho que se mantém atual, não sendo necessárias versões mais modernas. Acredito que a espontaneidade faz parte da originalidade desse tipo de som”, acredita o vocalista e guitarrista.
As faixas do disco Em Toda Parte são as que devem apresentar mudanças um pouco maiores. “É um álbum mais experimental, então essas faixas serão diferentes do disco, mas talvez mais próximas da ideia original, antes de ser gravado.” De um dia para o outro, o show também deve mudar. “Serão dois shows diferentes, porém não tocaremos na íntegra os álbuns, vamos misturar as músicas nos dois dias.”
A reunião para os novos shows fez crescer a vontade de mais apresentações e, quem sabe, músicas inéditas, segundo Golfetti. “Esse trio sempre que se reúne para ensaiar, faz jams. Essa sempre foi a base da nossa energia criativa, a música sempre foi composta e desenvolvida em grupo”, analisa. “No momento, temos a intenção de registrar algumas ideias que ficaram perdidas ao longo da carreira e ‘demotapes’, lançar se possível um álbum ainda este ano.”
Para Golfetti, as novas apresentações são uma oportunidade do grupo encontrar fãs mais jovens, que não chegaram a ver a banda original em ação. “Muitas pessoas ouviram falar, mas nunca viram uma apresentação ao vivo da banda, por isso o público se renova”, acredita o músico. “Sendo uma banda de influências psicodélicas, sempre estará despertando a curiosidade de um público jovem”, completa. “Os primeiros discos do trio são atemporais, se inspiram numa uma fase do rock que é anterior aos rótulos que foram criados para classificar os discos nas prateleiras, por isso acredito também que vai atrair fãs gostam de outros gêneros do rock.”
VIOLETA DE OUTONO
Centro Cultural São Paulo. Rua Vergueiro, 1000. Tel. 3397-4002. Sáb., 19h. Dom., 18h. R$ 25.