A BRK Ambiental, maior empresa de capital privado de saneamento básico do País, controlada pela canadense Brookfield, fechou com o Banco do Nordeste (BNB) um contrato de R$ 578 milhões para financiar a expansão da rede e tratamento de esgoto na região metropolitana do Recife. O projeto faz parte da maior Parceria Público-Privada (PPP) do setor, assinada em 2013, com a estatal Compesa, do Estado de Pernambuco.
A parceria prevê investimentos de R$ 6,5 bilhões durante os 35 anos de contrato entre BRK e Compesa. As obras estão sendo feitas em etapas. O montante concedido agora pelo BNB vai financiar cerca de 70% do segundo ciclo de investimento nos 15 municípios da Região Metropolitana do Recife. No total, serão investidos mais de R$ 900 milhões na área para elevar a cobertura de esgoto dos atuais 40% para 50% até 2023.
Nessa fase, serão construídos 450 quilômetros de rede, 5 novas Estações de Tratamento de Esgoto e 25 Estações Elevatórios de Esgoto. No primeiro ciclo, a empresa – ex-Odebrecht Ambiental comprada pela gestora canadense em 2016 – já havia investido R$ 800 milhões para ampliar de 5% para 40% a cobertura nos municípios.
O contrato prevê que até 2037 o índice de coleta e tratamento de esgoto alcance 90% na região – índice que deve permanecer até o fim da PPP em 2048. As obras expansão da rede vão beneficiar 4,8 milhões de pessoas.
Estrutura. Além do financiamento do BNB, a empresa também conseguiu crédito com o BID Invest, braço privado do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). No fim de 2017, a BRK anunciou empréstimo de R$ 350 milhões para investimentos no setor. Boa parte desse montante será destinada à obra da Região Metropolitana do Recife. Na estrutura de financiamento do segundo ciclo de investimento, 70% virá do BNB, 20% do BID Invest e 10% de capital próprio.
O diretor financeiro da BRK, Sergio Barros, afirmou que a empresa buscou várias alternativas de financiamento no País, mas que as condições do BNB foram as melhores. Em comparação com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o custo do BNB ficou cerca de 4 pontos porcentuais abaixo. O financiamento, cuja taxa será de IPCA mais 1,4% ao ano, tem prazo de pagamento de 20 anos com quatro de carência.
“O desembolso será feito dentro de dois ou três meses conforme as obras forem sendo realizadas”, explica Barros. Segundo o executivo, desde o início da PPP, já foram gerados 2 mil empregos. “Os novos recursos poderão agora impulsionar a economia da Região Metropolitana do Recife, com as diversas obras que serão realizadas, que vão contribuir com a preservação ambiental, inclusive nas cidades onde há turismo, podendo gerar emprego e renda.”
Financiador. O BNB foi procurado, mas afirmou que não comenta financiamentos feitos aos seus clientes. No ano passado, o banco fechou contrato de R$ 32,6 bilhões com recursos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE), principal fonte de recursos da instituição. O volume é mais que o dobre superior ao concedido em 2017, quando foram contratados financiamentos de R$ 15,97 bilhões.
Em 2018, só o volume de infraestrutura foi superior a todo montante contratado em 2017. Segundo dados do banco regional, os financiamentos do setor somaram R$ 16,4 bilhões para projetos de energia elétrica, saneamento básico e infraestrutura aeroportuária. Enquanto isso, a expectativa é que o BNDES – maior banco de fomento do País – feche o ano de 2018 com os desembolsos no menor patamar desde 1996, em R$ 69 bilhões, reflexo da retirada dos subsídios nas taxas de juros. /COLABOROU VINÍCIUS NEDER. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.