Ser um bailarino lendário como Mikhail Baryshnikov pode parecer um sonho inalcançável. A dança, que carrega uma série de estereótipos relacionados a gênero e raça, ainda é um caminho desafiador para aqueles que querem ficar na ponta dos pés, mas não reúnem as tais características que implicitamente são cobradas.
O balé clássico ainda discrimina profissionais negros. Nas companhias de dança de São Paulo, cidade com grande número de afrodescendentes, bailarinos lutam por um lugar melhor nos palcos. A situação não é diferente em outras partes do Brasil.
Jonathan de Araújo tem nove anos de idade e começou se interessar pelo balé há cinco meses. Em agosto de 2018, depois de ver a irmã dele chegar atrasada e ser eliminada de uma seletiva de canto, o garoto decidiu se inscrever no processo para entrar no Bolshoi, que ocorria no mesmo local.
O garoto mora na periferia de Salvador com os pais e a irmã. A mãe está desempregada e a família não tem condições de custear as despesas para Jonathan na Escola de Teatro do Bolshoi no Brasil, única filial no país do famoso teatro russo, em Joinville, Santa Catarina.
Por isso, a Associação Classista de Educação e Esporte lançou na segunda-feira passada, dia 7, uma campanha de financiamento coletivo, uma espécie de “vaquinha online”, para ajudar Jonathan. A meta era chegar no valor de R$ 10 mil, mas até o fechamento desta reportagem, o valor já atingia R$ 20 mil.
A viagem de Jonathan para Santa Catarina está marcada para o dia 21 e o site da “vaquinha” ficará disponível até lá. As aulas de balé no Bolshoi começam no dia 11 de fevereiro. Ele e a irmã já estão matriculados em escolas estaduais de Joinville.