Em uma coletiva de imprensa realizada na manhã desta quinta-feira (10/1), na Delegacia Estadual de Investigações Criminais, a DEIC, a delegada Karla Fernandes comunicou que a força-tarefa montada pela Polícia Civil para investigar os crimes cometidos pelo médium João de Deus encerrou, oficialmente, todos os seus procedimentos. De acordo com a delegada, dos sete inquéritos abertos, João de Deus foi indiciado por quatro. O restante dos inquéritos conclusos foi remetido com relatório para arquivamento.
A delegada informou que todos os procedimentos que estavam em andamento na Polícia Civil de Goiás estão sendo, agora, encaminhados ao Poder Judiciário. Entretanto, segundo ela, o médium só foi indiciado em quatro: dois por abuso sexual e dois por porte ilegal de arma de fogo.
Ela disse ainda que a esposa do médium, Ana Keila, também foi indiciada por porte ilegal de arma de fogo, uma vez que ela residia com João de Deus na mesma residência e tinha conhecimento das armas, que ficavam guardadas em sua gaveta de calcinhas.
A delegada continua relatando que os indiciamentos por abuso sexual só foram possíveis porque foram denunciados e investigados no prazo hábil diante da lei. Quanto aos outros, mesmo as investigações apontando indubitavelmente para a existência do crime, serão arquivos pela extinção de punibilidade. “O crime existiu, mas não pode ser punido” devido ao tempo transcorrido, explica.
Karla Fernandes ainda explicou que os abusos sexuais cometidos contra as menores de 13 anos ocorreram antes de 2009, e pela Lei, não podem mais ser punidos. “O fato existiu. Se os crimes tivessem ocorrido depois de 2009, ele estaria respondendo também por estupro de vulnerável”, contou.
Quanto aos inquéritos de lavagem de dinheiro e estelionato, a delegada informou que vai ser aguardada a perícia das joias e demais objetos encontrados na casa de João de Deus, perícia esta que deve ser feita pela Polícia Federal.
A prisão de João de Deus
A delegada explicou que a prisão do médium se deu por causa da principal vítima, uma mulher que o denunciou em 2016. O crime ocorreu em 3 de março do mesmo ano, e o inquérito estava aberto na DEIC desde agosto do ano passado.
O médium, que se entregou às autoridades e foi preso no dia 16 de dezembro do ano passado, domingo, em Abadiânia (GO), está no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia.
As acusações vieram de Goiás, Distrito Federal, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Pernambuco, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Pará, Santa Catarina, Piauí e Maranhão, e pelo menos seis países – Alemanha, Austrália, Bélgica, Bolívia, Estados Unidos e Suíça.
Os crimes teriam ocorrido durante sessões espirituais no Centro Dom Inácio Loyola, em Abadiânia. Segundo a Promotoria, à época, João de Deus oferecia “atendimentos particulares” a mulheres após os tratamentos, momento em que os abusos eram cometidos.