O Portal Dia Online recebeu na manhã da última terça-feira (8/1) a Secretária de Educação do Estado de Goiás, Fátima Gavioli. Durante a entrevista, a secretária falou sobre sua formação, o inicio da carreira, como foi sua mudança para Goiás e os desafios de assumir a educação do estado.
Antes se formar e ser professora, a secretária que nasceu no Paraná, mas se mudou para Rondônia, trabalhou primeiro como boia-fria e depois como doméstica em uma casa, começando os estudos mais tarde do que o normal.
“Trabalhando como boia fria, com um ano arrumei um trabalho em uma residência, ficava nessa casa 6 anos, e aí o meu pai chegou uma hora e falou “agora se você quiser você pode estudar, a gente já esta conseguindo sobreviver aqui né””, conta.
Segundo Fátima, após concluir os estudos, fez o curso de Letras se formou, e depois de trabalhar 6 anos na casa, os donos tinham uma loja e a convidaram para trabalhar como vendedora. “Depois de 13 anos prestei concurso no Estado, pois já tinha curso de Letras, aí já foi uma outra carreira, no Estado eu fui professora e fui lotada em um distrito. Fiz um trabalho muito bom nesse distrito, o governador do Estado me conheceu e me convidou para ser coordenadora regional”, explica.
Após ser coordenadora regional por dois mandatos consecutivos, o trabalho de Fátima com a educação de Rondônia ganhou um novo capítulo. Segundo a secretária, em 2014 o governador do Estado, Confúncio Moura, lhe fez o convite para ser a primeira secretária da rede estadual do Estado a assumir o cargo, que ela ocupou até o janeiro de 2017.
Fátima Gavioli afirma que trabalha com inclusão
Uma das vertentes trabalhadas por Fátima Gavioli é inclusão, não apenas de pessoas com deficiência, mas também com outras pessoas que não tem condições de ter acesso a educação. “O meu mestrado é na área de inclusão, eu trabalho a inclusão, e a inclusão perpassa primeiro as pessoas com deficiência e depois pessoas como eu que começaram a estudar tarde, crianças que estão em comunidades longínquas”, explica.
A secretária afirmou durante a entrevista que desde que assumiu o cargo tem trabalhando desde às 7h da manhã até às 22h, e que chegou na secretaria e encontrou todos os servidores exonerados. Disse ainda que ficou supresa com uma matéria que saiu, na qual dizia que ela iria exonerar três mil professores de apoio que atendem crianças especiais nas escolas.
“Primeiro que a área do meu mestrado, não abro mão disto. Segundo, que não houve essa conversa, não teve sequer tempo para essa conversa”, comenta. Através da matéria Fátima afirma que passou a ter conhecimento do contrato de Goiás, que se chama professor de apoio e é o professor que dá suporte ao professor da sala regular e presta apoio às crianças com necessidades especiais.
“É muito importante a gente fazer a diferença entre elas, tem crianças que têm dificuldades de aprendizagem, tem crianças que têm transtornos e crianças que têm deficiência”, explica a secretária.
Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb)
Fátima respondeu que muitos perguntaram se antes de assumir o cargo de secretária em Goiás, ela conhecia o governador Ronaldo Caiado (DEM), ao que ela tem respondido que não e que só conheceu Caiado na entrevista para o cargo.
Conforme a secretária, a educação nacional sofre uma crise. “Para se ter ideia a melhor educação do Brasil é Goiás com 4.3, se você parar para pensar eu tenho uma régua que vai de 0 a 10, e a melhor educação é Goiás com 4.3”, afirma.
Ao ser questionada sobre a possibilidade do índice do Ideb cair em Goiás, Fátima foi bem categórica: “Se ele cair e for para seis na régua eu vou ficar muito feliz, por que nós não temos interesse em ter visibilidade com números, o que a gente quer é qualidade efetiva”, explica.
Ideologia de gênero
Outro tema bastante polêmico e abordado durante a entrevista, foi sobre as declarações de ideologia de gêneros nas escolas pelo presidente Jair Bolsonaro. A secretária é direta ao afirmar que tem 22 anos de carreira e que não tem conhecimento sobre isso dentro das escolas. E que essas discussões estão desvirtuando o verdadeiro sentido da educação que é o ensino e aprendizagem.
“Como professora eu nunca vi, mas se caso isso chegar a mim documentado, esse professor vai passar todas as condutas permitidas dos processos administrativos disciplinares. Até hoje a gente ouve muito falar, vou usar a fala de uma mãe: está um perigo, a gente matrícula uma menina e sai um menino”, conta.
Segundo Fátima, a educação sexual não é necessária para as criança, pelo menos não da forma como que algumas pessoas tentam impor na educação. Propondo que as relações entre meninos e meninas elas são normais.
“Existem algumas tentativas exageradas de levar para dentro da escola, sem que a pessoa que vai levar esse debate esteja preparada para tal. Então talvez não seja nem a questão da idade, talvez seja a questão de quem vai levar isso para dentro da escola e como vai levar isso”, explica a secretária.