Após ser mantida por 4 meses em cárcere privado, por uma seita religiosa, na cidade do Gama, em Brasília, uma jovem, de 18 anos, foi resgatada pela polícia no final de dezembro de 2018. Mas o caso só veio ao conhecimento do público na tarde desta segunda-feira (7/1).
O Portal Dia Online entrou em contato com o delegado Vander Braga do 20º Departamento de Polícia do Gama, que confirmou o caso. Segundo o delegado, a moça, que não teve o nome revelado, foi resgatada no dia 28 de dezembro, após conseguir no dia anterior, pegar o celular da líder da comunidade denominada Igreja Adventista Remanescente de Laodiceia, Ana Vindoura Lúcia, de 64 anos, e mandar mensagens para conhecidos em Goiânia, pedindo por socorro.
“Os conhecidos da moça compareceram a delegacia no dia 28 de dezembro, e apresentaram as mensagens, onde a moça pedia por ajuda. Nós fizemos as diligências e constatamos que a jovem estava sendo mantida em cárcere pela líder da comunidade”, conta o delegado.
Jovem mantida em cárcere privado estava endemoniada segundo a líder da seita
De acordo com o delegado, a moça que estava sendo mantida em cárcere, conheceu a comunidade quando tinha 12 anos, pois deixou o pai em São Luiz do Maranhão e veio morar com a mãe. Conforme as informações repassadas pelo delegado do caso, a moça era obrigada a fazer as tarefas de casa e a ler a Bíblia. “Ela era obrigada pela líder da comunidade a cuidar da casa e ficava trancada o tempo todo, segundo a líder da comunidade religiosa, a jovem estava endemoniada”, explica Vander Braga.
O delegado afirmou durante a entrevista, que a jovem resgatada não era a única que estava sendo mantida em cárcere privado, outras três moças estavam na mesma situação. Vander afirma ainda que a comunidade já vem sendo alvo de outras investigações, mas que não poderia passar detalhes sobre o caso, pois as investigações estão em andamento.
Em relação a líder da comunidade religiosa, o delegado informou que a mesma foi presa em flagrante durante a abordagem, e que no dia 29 de dezembro, Ana Vindoura foi liberada após passar pela audiência de custódia. “O promotor aqui tentou converter a prisão dela em flagrante, em prisão preventiva, mas o magistrado do caso optou por liberar a líder da comunidade, para ela responder o processo em liberdade”, narra o delegado.
Conheça a comunidade
O delegado contou à reportagem que a comunidade é composta por 400 membros e que a sede fica no KM 13 da DF-290, na região sul do Gama. Conforme as informações repassadas por Vander Braga, a comunidade foi fundada no Mato Grosso há cerca de 10 anos, no entanto eles foram multados em R$ 3 milhões por manter trabalho escravo.
Segundo Vander Braga, eles saíram do Mato Grosso e passaram por Corumbá, em Goiás, e há dois anos compraram uma fazenda aqui no Gama, onde assentaram a comunidade. Conforme o delegado, a comunidade prega que os moradores tem que dispor de seus bens materiais e morar com eles no assentamento.