Beatriz Haddad Maia viveu no ano de 2018 uma de suas temporadas mais agitadas desde que se tornou tenista profissional. A número 1 do Brasil superou dois problemas físicos e uma cirurgia, trocou parte de sua equipe, deixou a academia Tennis Route e se mudou do Rio para Florianópolis. Tudo isso em menos de um ano.
Mesmo com tantas mudanças, a atleta de 22 anos conseguiu terminar a temporada em um digno 186º lugar no ranking da WTA e com uma final de nível ITF, nos Estados Unidos. “Foi um ano bem doido. Mudou o ambiente, as pessoas, mas sempre com foco no meu corpo e na minha família. Foi um ano diferente”, afirma Bia, em entrevista ao Estado.
A maior mudança aconteceu em julho, quando decidiu trocar a intensidade do Rio pela tranquilidade da capital catarinense. “Foi uma decisão tomada mais pela Bia pessoa, e não pela Bia tenista. Queria ter uma vida mais tranquila. Senti que não podia mais pensar somente no meu lado tenista. Queria uma qualidade de vida maior”, explica.
Quando está em Florianópolis, Bia treina nas quadras da Federação Catarinense de Tênis, que divide parte de sua sede com a Confederação Brasileira de Tênis (CBT), ou na quadras do Lagoa Iate Clube (LIC). Ela manteve o trabalho com o técnico argentino Germain Gaich e adicionou o preparador físico Felipe Reis e o fisioterapeuta Paulo Cerutti ao seu time.
“Moro sozinha em Floripa, mas tenho feito amizades. Aqui eu me sinto uma pessoa mais normal, por não ter uma cultura de tênis tão forte na cidade. Posso conversar sobre qualquer assunto com as pessoas, sobre surfe, praia, fim de semana. É uma forma de equilibrar um pouco a minha vida, sem ter somente o tênis na minha mente”, diz Bia.
Ela garante que a decisão de deixar a Tennis Route não foi tomada em conjunto com Thiago Monteiro. O namorado também saiu da academia do capitão do Brasil na Copa Davis, João Zwetsch, na mesma época. “Eu e o Thiago temos uma relação muito legal. Somos namorados, mas somos profissionais. Pelos próximos dez anos, o foco é na carreira. A gente sempre se entende, sabemos que essa vida não é fácil.” Monteiro deixou o Rio para treinar em Buenos Aires, em agosto.
De casa nova, Bia também se diz tranquila quanto ao aspecto físico, após superar uma lesão no punho esquerdo e uma hérnia de disco, que exigiu cirurgia. Foi o seu segundo problema na coluna. Ela também já precisou de operação para uma contusão no ombro direito. “Acho que minhas lesões têm um lado genético, por eu ser grande. Também por ter começado cedo. São vários fatores juntos, inclusive o lado emocional.”
Ao fim de uma temporada tão agitada, a tenista faz avaliação positiva do seu ano. “Joguei grandes torneios, enfrentei rivais muito difíceis, como Karolina Pliskova, Jelena Ostapenko, Monica Puig. Não peguei ritmo, infelizmente. Mas, no fim do ano, comecei a recuperar um pouco. Não foi tão ruim. Para mim, estar bem fisicamente já é ótimo, melhor até do que estar ganhando.”
Totalmente recuperada, Bia teve apenas uma semana de férias ao fim de 2018 para intensificar a pré-temporada. Após ser eliminada na terceira rodada do qualifying do Torneio de Auckland, na Nova Zelândia, ela jogará o qualificatório do Aberto da Austrália, nesta semana. A fase classificatória do primeiro Grand Slam da temporada terá início no dia 8 (noite de segunda-feira, no horário de Brasília), em Melbourne.