Os Estados Unidos advertiram nesta quinta-feira, 3, de que as autoridades chinesas podem tomar medidas arbitrárias contra cidadãos americanos em visita ao país, depois da prisão de dois canadenses.
O Departamento de Estado atualizou sua advertência de viagem, na qual manteve que os americanos devem agir com “maior cautela” na China e ficou a um passo de desencorajar as visitas a esse país.
Embora os termos utilizados sejam praticamente os mesmos que em outras ocasiões, o Departamento de Estado adverte para a “aplicação arbitrária de leis locais”, de proibições inesperadas de deixar o país e do assédio a cidadãos americanos de origem chinesa.
“Na maioria dos casos, os cidadãos americanos ficaram sabendo da proibição de saída quando tentavam deixar o país, e não há forma de se saber o quanto se estenderá essa proibição”. “Os cidadãos americanos afetados pela proibição de saída foram assediados e ameaçados”, acrescentou.
Além disso, sugere ter cuidado com os controles de segurança de última hora e os toques de recolher em Xinjiang e Tibet, duas regiões onde predominam grupos étnicos minoritários, nas quais Pequim tenta impor um controle estrito.
Em entrevista, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, afirmou que a advertência busca que os americanos “entendam o risco, mas ainda viajem quando necessário”.
O porta-voz da Chancelaria chinesa, Lu Kang, respondeu nesta sexta-feira, 4, às preocupações de Washington: “A advertência de viagem dos Estados Unidos, falando francamente, não se sustenta”.
“A China sempre recebe cidadãos estrangeiros, incluindo americanos, e protege sua segurança e direitos legais, inclusive de entrada e saída”, assegurou.
Em 10 de dezembro passado, a China prendeu dois canadenses, o ex-diplomata Michael Kovrig e o empresário Michael Spavor, acusados de atividades “que põem em risco a segurança da China”. Sarah McIver também chegou a ser presa, mas foi liberada e voltou para o Canadá.
A ação foi considerada uma represália depois que o Canadá prendeu a diretora financeira do gigante das telecomunicações Huawei, Meng Wanzhou, no dia 1º de dezembro, a pedido dos Estados Unidos. O governo americano garante que ela violou as sanções de Washington contra o Irã.
Desde dezembro, 13 canadenses foram detidos na China. Destes, oito já foram soltos. O porta-voz da Global Affairs Canada, Guillaume Berube, confirmou as detenções, acrescentando que os números excluem Hong Kong.
Há cerca de 200 canadenses detidos na China por diferentes infrações e que passam por processos legais. Este número se manteve estável nos últimos anos. Nos EUA, são quase 900 canadenses nessa situação.
No ano passado, a China respondeu à advertência de viagem americana com um guia similar para os chineses que viajam para os Estados Unidos, advertindo-os para o risco de ataques a tiros maciços e dos altos custos do sistema de saúde.
Apesar da tensão política, ambos os países continuam no topo das listas de visitantes um do outro, e a maioria dos estudantes estrangeiros nos Estados Unidos procede da China. / COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS