O governador Ronaldo Caiado, do DEM, foi empossado oficialmente na manhã e início da tarde desta terça-feira (1/1), em um evento solene que começou na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego) e terminou no Palácio das Esmeraldas, onde Caiado recebeu de seu antecessor, Zé Eliton, do PSDB, a faixa de governador, conforme dita a tradição. A cerimônia foi marcada por troca de farpas entre a oposição e a tropa de choque do governador recém-empossado, além de vaias e ataques a Marconi Perillo e Zé Eliton.
A cerimônia, que teve início na sede da Alego, também deu posse ao novo vice-governador do Estado, Lincoln Tejota (PROS), e teve embate entre a já oposição e situação do Governo. O deputado Talles Barreto, do PSDB, usou a tribuna do Plenário para demarcar a oposição ao governador Caiado. Barreto também defendou Marconi e Zé Eliton, dizendo que “a oposição [ao governo do PSDB] tentou fazer uma má imagem do Estado”. “Os opositores [ao governo do PSDB] sempre tentaram fazer uma imagem caótica do Estado de Goiás. Mas agora, que essa oposição é Governo, só faremos uma oposição justa”, disse o deputado em tom inflamado.
O deputado José Nelto, eleito deputado federal e um dos principais aliados de Caiado, rebateu, e disse que o deputado deve ter vivido “no governo [do PSDB] da propaganda”. Nelto ainda usou a tribuna para tecer ataques ao ex-governador Marconi Perillo, onde o classificou como “coronel desertor”. “Chegou ao fim o ‘Tempo Novo’, esse governo que servia aos saqueadores do Estado. A máscara caiu”, disse Nelto.
Ao tomar a fala, Caiado disse que “não vai decepcionar” os votos recebidos, e pediu ajuda ao povo goiano para recuperar e governar o Estado. “Considero este o momento mais desafiador da minha carreira política. Quero dizer que sempre honrei o voto dos goianos. Nunca decepcionei ou desonrei o mandato que vocês me deram, cinco vezes como deputado federal, como senador e agora como governador”, disse.
O governador empossado disse ainda que, em reunião com Paulo Guedes, ministro da Economia do presidente Jair Bolsonaro, foi informado que Goiás havia ganhado a pior nota (letra D) no que se refere a Estados bons pagadores, e se comprometeu a recuperar as contas públicas, “deixadas em mau estado pelo governo anterior”. “Eles disseram que estavam deixando 700 milhões em caixa pra mim. Eu desafio eles me mostrarem esses 700 milhões. Eles deixaram 11 milhões em caixa, para uma dívida de mais de 3 bilhões“, disse.
Caiado também fez agradecimentos a aliados políticos e à sua família. Ao falar desta última, o governador se emocionou. Se referiu à esposa, Gracinha Caiado, como companheira de longa data, agradecendo-a pelo apoio, também falou dos filhos, Anna Vitória, Maria, Marcela e Ronaldo Filho, onde mencionou, em tom descontraído, que a caçula “fazia o que queria com ele”.
Após passar faixa para o governador Ronaldo Caiado, Zé Eliton saiu debaixo de vaias
Após o fim das falas e formalidades na Alego, Caiado seguiu com a família e a equipe para o Palácio das Esmeraldas, local onde tradicionalmente o governador recebe num gesto simbólico, do antecessor a faixa de chefe do Estado de Goiás.
Após fazer formalmente a transferência da faixa para Caiado, Zé Eliton deixou o local sob muitas vaias dos presentes. Poucos foram os presentes que acompanharam o agora ex-governador e sua esposa até seu carro. O cerimonialista que conduzia a posse teve que tomar a palavra para tentar abafar as vaias.
Em uma estrutura montada pelo evento, o vice-governador, Lincoln Tejota, foi o primeiro a falar. Tejota citou trechos da Bíblia e disse que o livro sagrado ensina que “nenhuma autoridade chega ao poder se não pela vontade de Deus”. Tejota também fez uma fala de agradecimento a Wilder Morais, escolhido por Caiado para ser o secretário da Indústria e Comércio, ao qual se referiu como um grande político.
Ao discursar no Palácio, Caiado disse que não poderia se demorar, uma vez que seguiria dali para a posse do presidente Jair Bolsonaro, do PSL, em Brasília (motivo que fez com que a coletiva com a imprensa após a posse fosse cancelada). Com o tempo que teve, Caiado disse que fará com que os goianos “passem a ter orgulho de morarem no Estado” e que o “tempo do ‘Arrocha Goiás’ [lema de sua campanha] começava agora”.