A intervenção das Forças Armadas no Rio de Janeiro, que termina hoje, 31, deixou em 2018 um saldo de 8.577 tiroteios/disparos no Grande Rio, 43% a mais do que no mesmo período do ano anterior, quando não havia a presença do Exército no Estado e foram registrados 5.993 tiroteios/disparos, informa o aplicativo de dados Fogo Cruzado RJ. O número de mortos porém caiu 2,3%, de 1.281 em 2017 para 1.251 em 2018.
Ao todo, 171 pessoas foram vítimas de bala perdida no Grande Rio durante a intervenção, sendo que 37 morreram, segundo balanço feito pelo Fogo Cruzado. “Após o decreto da intervenção, em 16 de fevereiro, houve 55 casos com três ou mais civis mortos na região metropolitana do Rio, totalizando 219 mortes, contra 33 casos no ano passado, que deixaram 128 mortos”, informa o laboratório de dados.
Entre 16 de fevereiro e 31 de dezembro deste ano, período da intervenção, 63 adolescentes foram baleados em tiroteio e 29 morreram, além de 20 crianças de até 11 anos e 11 meses também atingidas, das quais três morreram. A vítima mais nova foi baleada dentro de uma escola no Cosme Velho em 27 de abril, tinha 6 meses, foi socorrida e passa bem, informou o Fogo Cruzado, destacando que durante a intervenção também 274 agentes de segurança foram baleados, sendo que 96 deles morreram.
Durante a intervenção houve em média 27 tiroteios/disparos por dia, contra 16 em 2017, sendo o mais longo período de tiroteio o ocorrido no morro do Jordão, na Taquara, zona oeste do Rio, que durou 23 horas e 48 minutos. Belford Roxo foi o município que mais subiu no ranking de incidência de tiroteios, subindo da 7.ª para a 3.ª colocação, após registrar 663 tiroteios no ano passado contra 128 em 2017, aumento de 418%.
Segundo o Fogo Cruzado, 60 tiroteios duraram 2 horas ou mais no Grande Rio desde o decreto da intervenção, sendo que 4 deles duraram mais de 10 horas. Dos 21 municípios da região metropolitana, apenas Rio Bonito registrou queda no número de tiroteios/disparos em relação ao mesmo período do ano passado. Oito tiveram um crescimento maior que 100%: Seropédica (950%), Belford Roxo (418%), Japeri(292%), Maricá (225%), Paracambi (200%), Itaguaí (166%), Magé (147%) e Itaboraí (116%). Destes, 6 são na Baixada.
A Vila Kennedy, que ficou conhecida como “laboratório da Intervenção”, foi o bairro da região metropolitana onde houve mais registros de tiros durante o período, 343, seguido de Complexo do Alemão, 244, e Praça Seca, 224. Segundo bairro no ranking geral de tiros, o Complexo do Alemão foi a área com Unidade Policial Pacificadora (UPP) onde mais houve registros: 244, com ao menos 15 mortos e 22 feridos. A Rocinha vem em 2o, com 124 tiroteios, 19 mortos e 17 feridos.
O complexo de favelas da Cidade de Deus ficou em quinto lugar entre as comunidades com UPP, registrando oito mortos e seis feridos no período de Intervenção, após 107 tiroteios/disparos. O Complexo de São Carlos, no Centro, também com UPP, registrou 110 tiroteios/disparos durante a Intervenção e saldo de nove mortos e 13 feridos, ficando em quarto lugar, enquanto o Complexo da Penha, zona norte do Rio, contabilizou 117 tiroteios/disparos, 12 mortos e seis feridos, informou o Fogo Cruzado.