A tempestade brasileira no surfe mostrou que não é passageira e representa a consolidação da modalidade no País. “Brazilian Storm” é como os surfistas do Brasil são chamados no circuito. O ano de 2018 ficará marcado pelo sucesso dos atletas nacionais em diversas parte do mundo e tudo isso gera expectativa para 2019 e 2020, quando o surfe estreará no programa olímpico dos Jogos de Tóquio.
Gabriel Medina conquistou seu bicampeonato mundial no mesmo dia que Jesse Mendes ganhou a Tríplice Coroa Havaiana, uma honraria para os surfistas. Das 11 etapas realizadas no Circuito, os atletas brasileiros ganharam nove – nas últimas cinco temporadas, três títulos do Mundial da elite ficaram nas mãos de surfistas brasileiros.
Além disso, Mateus Herdy, de 17 anos, foi campeão mundial pro júnior no mesmo evento em que Samuel Pupo ficou em terceiro. Em 2018, Rodrigo Koxa e Maya Gabeira tiveram seus nomes oficializados no Guinness, o livro dos recordes mundiais, com a maior onda surfada por um homem e uma mulher.
“O Brasil está vivendo seus melhores momentos no surfe. Essa geração está mostrando ao mundo toda a sua força e esse ano vencemos nove de 11 etapas. Isso só engrandece nosso esporte e nosso País e dá esperança para outras crianças que querem viver desse sonho e ser surfista profissional viajando o planeta”, comenta Italo Ferreira, que ficou na quarta colocação no Circuito Mundial.
Esse bom momento nacional ligou o sinal de alerta nos atletas de outros países. Medina conta que, em conversas com o australiano Mick Fanning, tricampeão mundial, o experiente surfista não entende como tem aparecido muitos bons profissionais no Brasil, jovens e talentosos, enquanto em sua pátria a renovação é mais demorada.
“O Brasil tem incomodado bastante lá fora. Os gringos sentem, se preocupam, e isso é bom. O surfe brasileiro tem crescido muito. Estamos com 11 atletas no Circuito, nos últimos anos conquistamos três títulos mundiais, neste ano tivemos dois brasileiros na briga em Pipeline, ou seja, cada ano melhora mais. Fico feliz de ter participado disso e de ter mudado a história deste esporte no nosso País”, comenta Medina.
Os dois títulos mundiais dele e o de Adriano de Souza, o Mineirinho, em 2015, ajudaram a popularizar ainda mais o surfe. A longa faixa litorânea brasileira também contribui para que mais pessoas possam praticar o esporte, mesmo que inicialmente apenas como diversão. Por todos esses fatores, o potencial de crescimento da modalidade nos próximos anos é grande.
Gabriel Medina lembra que colocou dinheiro do próprio bolso para criar o instituto que leva seu nome em Maresias, litoral paulista. “Tenho investido nessa nova geração. Criei o IGM, que dá oportunidade para as crianças terem um dia de atleta, e torço muito para essa nova geração. Acho que logo teremos mais surfistas brasileiros no Circuito Mundial”, acredita.
Italo concorda com seu amigo de prancha e vê o Brasil muito forte nos próximos anos. “Daqui a alguns anos o Brasil vai dominar o Circuito Mundial de Surfe. Antigamente era a Austrália, mas hoje em dia é o Brasil e isso só nos orgulha”, avisa.