Um novo maestro e diretor musical para a Osesp, os entraves burocráticos no Teatro Municipal de São Paulo e a presença de grandes estrelas nacionais e internacionais devem pautar a programação da música clássica em São Paulo em 2019.
A ópera é ainda a grande incógnita. Os desentendimentos entre a Secretaria Municipal de Cultura e o Instituto Odeon devem levar à sua saída da gestão do Teatro Municipal de São Paulo – mas a suspensão do edital de chamamento para novas entidades torna incerta a programação para 2019, que já estava pronta mas não foi anunciada.
A programação lírica do Teatro São Pedro só deve ser anunciada em fevereiro, “quando já teremos tido a oportunidade de conversar com a nova equipe que assumirá a gestão da secretaria no início do ano”, segundo Paulo Zuben, diretor artístico pedagógico da Santa Marcelina Cultura. “De qualquer maneira, continuaremos investindo no repertório dos séculos 20 e 21, e nos períodos barroco e clássico.” Serão quatro produções, incluindo a estreia mundial de uma obra encomendada pelo teatro.
Na Osesp, o ano será de expectativas, tanto pela renovação do contrato de gestão com o governo do Estado quanto pelo anúncio do nome do novo regente. O segredo sobre o substituto de Marin Alsop ainda é guardado a sete chaves e o nome só será anunciado após o início da temporada, em março, mas nos bastidores o nome do maestro inglês Alexander Shelley parece ter ganhado força no comitê de busca.
A programação da Fundação Osesp foi batizada de Futuros do Passado e a temporada terá algumas datas a serem celebradas, como os 20 anos da Sala São Paulo e os 50 anos do Festival de Inverno de Campos de Jordão. A agenda é pautada pelo trabalho com alguns artistas importantes, que passarão mais de uma semana com o grupo, atuando tanto com a orquestra como em séries de câmara: o violoncelista Pieter Wispelwey, os pianistas Kirill Gerstein, Jean-Louis Steuerman, o clarinetista Michael Collins, o oboísta, maestro e compositor Heinz Holliger, o violinista Thomas Zehetmair e o barítono Paulo Szot, que será o artista em residência. A orquestra também lança, em dezembro, um projeto mundial dedicado à Nona sinfonia de Beethoven, inaugurando as celebrações pelos 250 anos do compositor, em 2020.
A Cultura Artística retoma em 2019 o seu modelo tradicional de assinaturas, com dois concertos por atração. São, ao todo, dez, em um cardápio variado. O ano começa com um duo formado pelo violoncelista Antonio Meneses e o pianista Cristian Budu e segue com a Sinfônica de Antuérpia, a Sinfônica de Pequim, o duo de piano formado por Alessio Bax e Lucille Chung, a Orquestra de Câmara da Irlanda (com o maestro e compositor Jörg Widmann), o pianista Alexandre Tharaud, o Quarteto Ebène, a Sinfônica de Montreal (com Kent Nagano), a mezzo-soprano Joyce DiDonato e o pianista Nelson Freire, que comemora 75 anos de vida e 70 de carreira em 2019.
A Cultura Artística também mantém em 2019 sua série de violão no MuBE, com a presença de Zoran Dukic, Sharon Isbin, Aniello Desiderio, do Duo Assad e de Thibaut Garcia. Já o Mozarteum Brasileiro seguirá dividindo sua agenda entre São Paulo e Trancoso, tendo como destaque a mezzo Elina Garanca.
Outra grande estrela internacional na temporada do ano será o maestro John Eliot Gardiner e de dois grupos criados por ele – The English Baroque Soloists e o Monteverdi Choir. Eles integram a série internacional da Tucca, que tem ainda o pianista britânico Paul Lewis, que vai se apresentar com os músicos do Festival Ilumina, que começa no dia 2 de janeiro sob direção da violista Jennifer Stumm. Também estará em São Paulo a Orquestra Filarmônica Jovem de Boston.