Em depoimento prestado na manhã desta quarta-feira (26/12), o médium João Teixeira de Faria, o João de Deus, negou as acusações a ele atribuídas e disse que não abusou das mulheres que relatam os casos. O depoimento foi dado aos promotores da força-tarefa do Ministério Público de Goiás (MP-GO) que investiga as acusações de crimes sexuais apresentadas por centenas de mulheres do Brasil e do exterior.
A ida de João de Deus para o MP-GO teve uma pesada escolta policial, com carros blindados e policiais encapuzados. Uma viatura se posicionou na entrada do prédio para que, na saída do médium, sua imagem não fosse exposta.
De acordo o advogado Alex Neder em entrevista à Agência Brasil, que acompanhou o depoimento, os promotores de Justiça Luciano Miranda Meireles e Paulo Eduardo Penna Prado se fixaram em três dos casos que estão sendo apurados pelo MP goiano – segundo o qual já foram coletados 78 depoimentos formais de mulheres de todo o país que se apresentam como vítimas de abuso sexual de João Teixeira.
Segundo Neder, João de Deus respondeu a todas as perguntas, negando a todas as acusações. Neder ainda declarou que o médium não identificou a nenhuma das três denunciantes, e garantiu que não se lembra delas. Além disso, João de Deus reafirmou que os atendimentos “espirituais” que oferece ocorrem às vistas de muitas pessoas que frequentam a Casa Dom Inácio de Loyola,em Abadiânia.
“Ele explicou pormenorizadamente aos promotores que as fotos dos locais em que, segundo as mulheres, teriam ocorrido o abuso, indicam locais abertos, onde sempre há muita gente esperando ser atendida ou o auxiliando”, comentou o advogado, afirmando que, segundo a explicação do médium, as fotos exibidas pelos promotores são do salão da Casa Dom Inácio, que dá direto para o estacionamento.
Neder disse também que João de Deus garantiu aos promotores que, da forma como foi descrito, os fatos não ocorreram, e revelou que embora já venha acompanhando o caso há alguns dias, a convite do escritório do advogado criminalista Alberto Toron, só hoje teve oportunidade de conversar com o cliente de forma satisfatória.
Defesa de João de Deus pedirá que ele cumpra pena em liberdade, com uso de tornozeleira
O advogado Alex Neder também afirmou após o depoimento de seu cliente que a maior preocupação da defesa é com sua idade e estado de saúde. “Ele tem 76 anos, tem problema de coração e, recentemente, tratou-se de um câncer. O local [Casa de Custódia] é inadequado para alguém de sua idade e que precisa de cuidados médicos e de uma dieta adequada”, disse.
Neder também revelou que a defesa do médium já se movimenta para pedir à Justiça que ele cumpra pena fora da cadeia, usando tornozeleira eletrônica, “Estamos pleiteando a soltura e a possibilidade dele responder aos processos em casa, se necessário, com tornozeleira”, acrescentou, comentando o fato de, além dele, o médium contar com o assessoramento jurídico de dois dos mais prestigiados – e caros – advogados do país: Alberto Toron e Antônio Carlos de Almeida Castro.