Seu primeiro crédito como produtor solo foi por Quatro Irmãos, em 2005. Desde então, e são apenas 15 anos, Lorenzo di Bonaventura virou sinônimo de sucesso, graças, principalmente, à série Transformers, que já rendeu bilhões – sim bilhões -, na bilheteria. Mesmo assim, ele jura que o dinheiro não é o mais importante. Faz os filmes de que gosta, os que gostaria de ver, como Bumblebee, que estreia nesta terça, 25, em salas de todo o Brasil.
Ele esteve na cidade no começo do mês. Veio promover Bumblebee, mostrando cenas do filme na CCXP. Conversou com o repórter num hotel de luxo dos Jardins. A pergunta que não quer calar – Bumblebee, como spin-off, é chamariz para que tenhamos, daqui a pouco, um filme sobre Optimus Prime?
Ele não diz que sim, nem que não, mas reconhece que uma aventura solo com Optimus seria a cereja do bolo da série Transformers. “Optimus é um personagem com um carisma muito grande, mas justamente por isso é problemático imaginar um spin-off. Optimus carrega com ele a série toda.”
Di Bonaventura estava de excelente humor quando conversou com o repórter. Disse que a gênese de Bumblebee é muito anterior ao feminismo – o empoderamento – que, em nome da correção política, tomou conta da produção de Hollywood. “O universo de Transformers foi sempre considerado muito masculino, até machista. De alguma forma, estamos fazendo um resgate histórico. E tudo começou com o produtor executivo. Estamos trabalhando nesse projeto há pelo menos três anos, mas Steven (Spielberg) foi quem teve o insight. Como Bumblebee é uma ‘prequel’ e se passa antes do primeiro filme, que é de 2007, nossa ideia inicial era de um garoto, mas Steven, com sua intuição genial, sugeriu que fosse uma protagonista feminina. Isso mudou todo o foco. Buscamos uma roteirista para desenvolver a história, e foi Christina (Hodson). Buscamos um diretor (Travis Knight) que entendesse o universo feminino, mas, honestamente, ninguém, nem Steven, poderia imaginar que o filme chegaria no pós-#MeToo e pós-Mulher Maravilha, num momento em que as mulheres estão ditando as regras na indústria, mesmo no cinema de ação.”
Na trama de Bumblebee, uma garota descobre esse Fusca em pedaços. Como no clássico E.T. – O Extraterrestre, de Spielberg, ela está carente. O pai morreu, a mãe tocou a vida, casou-se de novo, mas a garota não aceita seu novo marido. O fusca chega num momento de afirmação.
Ela possui algum conhecimento de mecânica, decide consertá-lo e… O fusca amarelo vira Bumblebbe! E quem é esse Bumblebee? É um Autobot que veio parar, às escondidas, na Terra, para fugir da guerra com os Decepticons, que assumiram o poder em seu planeta de origem. Bumblebee pertence à resistência e, por meio dele, um comando que segue seu rastro pelo universo pretende chegar ao líder oposicionista, Optimus Prime.
O comando, com uma dirigente também mulher, veio para destruir e, agora, Bumblebee e a garota são a esperança da Terra. Justamente a garota, Hailee Steinfeld. Você sabe quem é. No remake de Bravura Indômita, pelos irmãos Coen, ela contrata o xerife Rooster Cogburn/Jeff Bridges para caçar o assassino de seus pais. Passaram-se oito anos, Hailee tem agora um pretendente, e ele naturalmente vai ajudá-la, mas o duo, o trio, talvez não tivesse sucesso na empreitada se a mãe, o irmão da garota e o padrasto não se unissem contra os Decepticons.
Uma aventura familiar? Bumblebee, no formato ‘Fusca’, não será, por acaso, uma variação daquele ícone da Disney – Herbie, de Se Meu Fusca Falasse? Di Bonaventura põe a mão na cabeça. “Please, don’ t. Nosso grande medo (na Hasbro, que detém os direitos) era que Bumblebee fosse identificado como um produto da Disney, e com Herbie.”
O repórter observa que esse pode ser um problema para a produção, mas, para o público, qualquer identificação com Herbie não só é possível, como bem-vinda. E o Fusca fala! “Desde o início havia essa ideia de que Bumblebee usaria frases de músicas da época, os anos 1980, para compor seu vocabulário. O que foi motivo de muita pesquisa e polêmica é quais seriam essas músicas?” O repórter elogia a seleção, você também vai elogiar. É ótima.
A próxima questão é – teremos o filme de Optimus? Di Bonaventura faz cara de interrogação, mas você pode estar certo de que sim. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.