Nada mais significativo do que o Natal na vida de um cristão. A data significa o nascimento de Jesus Cristo, o Nazareno, filho de José e Maria. É o momento de se reencontrar com familiares e cear. Mas uma tragédia interrompeu as comemorações em Goiás.
Este ano, no entanto, o acaso enlutou uma família evangélica goiana quando ia se encontrar com parentes em Porangatu no último sábado (22/12).
A colisão que envolveu dois carros de passeio e três caminhões deixou, além de sete mortos, cinco feridos na BR-153 no trecho de Porangatu, na região norte de Goiás.
Por isso, nunca mais a Igreja Internacional Emmanuel Batista, na Avenida Santana, no Setor Planície, em Aparecida de Goiânia, vai ser aberta pelo pastor Jocelio Coutinho, de 39 anos.
Durante dois anos, Jocelio estacionava o Fiat Siena, descia com a família e iniciava o culto, pedia que as crianças cantassem “Meu Barquinho” e falava do amor de Jesus Cristo aos fiéis de uma das regiões mais pobres e violentas de Aparecida.
A igreja, contudo, está fechada desde o sábado da tragédia, após Jocelio, a mulher dele, Gislene Severo Coutinho, de 33 anos, os dois filhos – um menino de cinco anos e uma bebê de quatro meses -, uma sobrinha e a filha dela – também uma bebê – morrerem em um acidente horrível.
Além dos cinco, outras três pessoas da mesma família morreram. Em um outro veículo, um sobrinho do pastor, Geurivane Severo da Silva, de 39 anos, conduzia um Ford Fiesta, que também se envolveu no acidente.
No carro, estavam a esposa dele, a técnica em enfermagem Grazielli Viviane de Sousa Silva, de 31 anos, e os três filhos do casal: um bebê de 3 meses, e as crianças de 4 anos e 11 anos.
Na colisão, sobreviveram Geurivane, com uma fratura na clavícula, os filhos, de 4 anos, com fraturas na perna e na mandíbula, e a outra de 11, que não se feriu. Morreram a esposa Grazielli e o filhinho do casal, o bebê de 3 meses que foi jogado para fora do carro.
Segundo o Corpo de Bombeiros, os dois bebês foram levados ao Hospital Municipal da cidade e morreram na unidade após parada-cardiorrespiratória. Motoristas de dois caminhões se feriram, mas um terceiro saiu ileso.
Velório coletivo em Goiás: sete da mesma família
A igreja do pastor nem sequer chegou a ser cogitada para o velório por causa do tamanho. Com isso, conseguiram um novo templo para a despedida, que iniciou após a dolorosa identificação dos corpos.
Mais de mil pessoas cercavam a igreja Assembleia de Deus, Ministério Vila Nova, no Bairro Independência Mansões, à espera dos corpos no início da noite de domingo (23/12).
Ali, contudo, não caberia a quantidade de gente e decidiram velá-los na quadra esportiva da Escola Municipal da Paz, no Jardim Florença, onde crianças que frequentavam a igreja do pastor e de sua família estudam.
Os sete caixões, quatro brancos das crianças, chegaram durante a noite. Cada um que era encaminhado para a fileira mais triste da história de um Natal daquelas famílias, explodia um choro mais desamparado que o outro. Hinos foram cantados preenchidos com choro e saudade
Apenas os caixões dos dois bebês, que foram ejetados dos carros no momento do acidente e da mãe de um deles ficaram abertos. Os outros ficaram lacrados porque os corpos ficaram carbonizados, inclusive o do pastor.
De vez em quando, durante o velório na madrugada, algum familiar que chegava do interior de Goiás se aproximava e se desesperava.
O cantor gospel Renato Borges não consegue falar muito com o Portal Dia Online. “Estamos destruídos”, comenta.
“O Natal ficou triste, mas temos certeza de que foram morar com o aniversariante Jesus”, termina.