A história de uma menina rica, que tem tudo, mas resolve fugir de casa quando não ganha o presente que queria dos pais, se opõe à de um menino órfão, que mora num ferro-velho e constrói seu mundo a partir do lixo, no novo especial de fim de ano na Globo, O Natal Perfeito. A trama, estreia da atriz Priscila Steinman como autora, traz as crianças Melissa Nóbrega e Cauã Antunes como protagonistas, com Caio Blat, Bruno Cabrerizo, Tainá Müller e Alexandre Zachia no elenco de apoio. A exibição será no dia 24, após O Sétimo Guardião, com reprise dia 25, depois da Sessão da Tarde.
No especial, o mundo de Jonas (Cauã) é feito a partir de peças recicladas, o que propôs um desafio para a direção de arte, de trabalhar a questão da consciência ambiental. Grande parte do cenário foi reaproveitado, principalmente a partir de material descartado no complexo de estúdios da Globo. Sucata, vasos, louças de banheiro, sobras de cano, parafusos, eletrodomésticos velhos foram transformados em novos objetos cênicos.
“Foi um processo muito vivo de criação”, afirma o diretor de arte, Moa Batsow. “Praticamente nada foi comprado em lojas. Fizemos muito garimpo pelos Estúdios Globo (acervos, cidades cenográficas, lixo), depósitos de materiais reciclados e ferro velhos do Rio.” Segundo ele, os planos iniciais foram mudando, para melhor, a medida que encontravam novas peças.
A cenografia reciclada foi um desafio também para o diretor artístico, Vinícius Coimbra. “Quando fazemos um cenário, geralmente são usados materiais leves, para você conseguir abrir uma parede”, exemplifica o diretor. “Os objetos reais são muito pesados. A gente usou um ônibus de verdade. Tivemos que nos adaptar e câmera teve que se encaixar. O máximo que fizemos foi tirar o vidro do ônibus.”
Um dos grandes vilões da narrativa ficou de fora, também, dos bastidores. “Evitamos usar o plástico no cenário. Usamos materiais mais recicláveis, o que faz parte do conceito do protagonista”, explica Coimbra.
Dando continuidade ao projeto, assim que foram encerradas as gravações, todos os objetos cenográficos já tinham um caminho definido. “Todos ganharam o melhor destino: foram reciclados. Muitos em usinas de reciclagem e outros internamente na Globo”, diz Batsow.
O conceito do especial surgiu na mente de Steinman a partir de uma viagem à China. “Vi uma obra de arte que era um maquinário enorme e aparentemente sem sentido, mas que ao se movimentar emitia um som estranhamente harmonioso.” A autora se inspirou ainda em uma exposição dos artistas plásticos Gêmeos, que viu em Nova York, e ainda na animação Wall-E, da Pixar. “A partir dessas motivações, decidi falar sobre diversidade, empatia, amizade, consciência ambiental, ética e valores.”
Tudo isso, claro, sob o ponto de vista das crianças. “Acho que os adultos são coadjuvantes do protagonismo dessas crianças. Eles são dilatados da realidade. São arquétipos bem definidos”, analisa a atriz Tainá Müller. “O legal desse especial é que tudo fica mais lúdico e fantasioso. Você não sabe o que é imaginação, realidade.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.