No país do futebol, um clube se especializou na revelação e lapidação de talentos da natação. Para isso montou uma estrutura moderna e multidisciplinar, reformou a sua antiga piscina e inaugurou uma nova em 2015, com a tecnologia usada nas principais competições mundiais. O segredo do sucesso do Pinheiros não vem de hoje, mas se acentuou com os últimos resultados de seus atletas nas disputas internacionais. O clube é exemplo. Tem fama. Bandeiras mais famosas no futebol, por exemplo, não têm o mesmo desempenho, tampouco a mesma estrutura.
No Mundial de piscina curta, na China, a medalha de bronze no revezamento 4×100 metros livre veio só com atletas do clube paulista: Matheus Santana, Marcelo Chierighini, Cesar Cielo e Breno Correia. No ouro no 4×200 metros livre, que teve quebra de recorde mundial, dos quatro nadadores da final, três defendem as cores do Pinheiros: Breno, Luiz Altamir e Leonardo Santos.
Essa fábrica de talentos é a maior vencedora do Campeonato Brasileiro Absoluto de Natação, com 17 títulos. O segredo está na junção de boa estrutura, contratação de jovens talentos e atletas de ponta que ajudam a dar respaldo para quem está chegando, como Cielo. Não à toa passou a ter uma hegemonia no cenário nacional e no internacional briga com os grandes países.
O nadador Breno Correia talvez seja o exemplo mais recente disso. Nascido em Salvador, ele se destacou no Flamengo e foi convidado pelo Pinheiros para integrar a equipe. Não hesitou em mudar de cidade, junto com seus pais, para viver o sonho do esporte olímpico. A evolução do garoto de 19 anos é nítida e ele é tido como uma das principais promessas do Brasil para os Jogos Olímpicos de 2020, em Tóquio.
“Eu tive bons resultados no fim de 2016, no Flamengo, e aí recebi a proposta do Pinheiros, coloquei tudo na balança e optei por vir para cá. Valeu completamente a pena. Meus pais se mudaram junto comigo para São Paulo, estou no segundo ano de clube e é muito satisfatório já ter conseguido resultados positivos”, contou o garoto.
Breno começou a nadar aos 6 anos de idade por motivo de saúde. Tinha asma, bronquite, sinusite, rinite. “Eu era um garoto que ficava muito doente, então meus pais resolveram me botar na natação justamente por isso. Nadei em alguns clubes de Salvador, mas por motivo de trabalho do meu pai, eu mudei várias vezes de cidade, cheguei a morar em Vitória, Rio, e agora estou em São Paulo”.
Com o pai aposentado, agora é Breno que fez a família mudar de ares. Quando voltou com suas duas medalhas do Mundial, pediu para a mãe caprichar na refeição. “Pedi para ela fazer qualquer coisa, já estava enjoado da comida lá da China, foram 18 dias e a culinária oriental é bem diferente da nossa. Pedi o básico: arroz, feijão e carne”, diz. “Eu tenho uma bênção de ter os pais perto de mim nos momentos de alegria e de dificuldade. Eles me ajudam na alimentação, a me levar e buscar nos treinos, são minha base”.
Desde que chegou à nova casa, Breno melhorou sua forma de nadar. Cada movimento na piscina é filmado e revisado para tentar corrigir possíveis falhas e aperfeiçoar o estilo. No treinamento, tem a inspiração de Cielo, campeão olímpico, recordista mundial e que esteve com ele na China.
O nadador do Pinheiros sabe que precisa continuar crescendo para sonhar com braçadas mais rápidas. “Este ano serviu para chegar à seleção. Acredito que 2019 é o ano de me firmar. Tem torneios importantes, como Mundial e Pan, e acredito que são objetivos interessantes que podem ajudar na formação da minha carreira”, disse. “Os resultados servem de motivação e inspiração até a Olimpíada. Sabia que ir para Tóquio era possível quando vim para cá, após os últimos resultados vejo que está bem perto”.