Inspetores da Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) tiveram acesso negado ao laboratório de Moscou que pretendiam visitar nesta semana e ficaram de mãos vazias antes de voltarem para casa, informou a entidade por meio de um comunicado oficial divulgado nesta sexta-feira à noite.
O fato é mais um capítulo do grande escândalo que atinge o esporte da Rússia, que em setembro passado teve a sua agência antidoping (Rusada, na sigla em inglês) reintegrada após ser suspensa. E, naquela ocasião, a Wada revogou a punição na condição de a Rússia admitisse publicamente o apoio e a cobertura do governo local aos casos de doping e que o país liberasse o acesso total aos exames armazenados no laboratório da capital russa.
A Wada pede pela entrega dos dados do laboratório, o que pode ajudar a confirmar uma série de violações descobertas durante uma investigação que revelou uma
programa de doping patrocinado pelo estado e criado para que a nação ganhasse medalhas nos Jogos Olímpicos de Sochi, em 2014, e outros eventos importantes.
Na última sexta-feira, porém, a Agência Mundial Antidoping informou que sua delegação “foi impossibilitada de completar sua missão” porque a Rússia exibiu inesperadamente uma “certificado” que dependia de leis locais para que os dados do laboratório pudessem ser acessados. O prazo final para entrega destas informações, estabelecido pela Wada, é o próximo dia 31 de dezembro.
A Wada disse que o líder da sua equipe de inspeção, Toni Pascual, agora preparará um relatório para registrar o fracasso da missão em Moscou. O fato aumenta as chances de a Rusada voltou a ser suspensa, mas a Wada ainda deixou aberta a possibilidade de voltar ao laboratório antes de a Rússia possivelmente resolver esta questão.
O ministro do Esporte da Rússia, Pavel Kolobkov, afirmou à imprensa local que a equipe da Wada deverão voltar para inspecionar o laboratório de Moscou, mas ainda não há uma data confirmada para que isso aconteça.
A Rusada havia sido suspensa inicialmente em novembro de 2015 por conta de uma investigação independente da Wada, liderada pelo advogado canadense Richard McLaren, que revelou doping sistemático e com apoio do estado russo em diferentes modalidades esportivas. O auge das infrações teria acontecido durante os Jogos de Inverno de Sochi, em 2014, quando amostras de atletas russos eram trocadas para esconder os resultados positivos para uso de substâncias proibidas.
As denúncias foram repetidamente negadas pelas autoridades políticas e esportivas da Rússia, mas isso não foi suficiente para evitar as punições. Por causa da deflagração do escândalo de doping, os russos foram impedidos de participar das competições de atletismo da Olimpíada do Rio, em 2016, e do Mundial de Londres, em 2017. Para completar, o país ficou fora dos Jogos de Inverno deste ano, na Coreia do Sul.
Em setembro, após a Wada reintegrar a Rusada, a Federação de Atletismo da Rússia entrou com um recurso na Corte Arbitral do Esporte (CAS, na sigla em inglês) para cancelar a suspensão da Associação das Federações Internacionais de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês), mas este apelo ainda não foi julgado pelo máximo tribunal esportivo mundial. E, no início deste mês, a entidade internacional manteve a punição à Rússia, que continua banida das competições da modalidade por causa do grande escândalo de doping envolvendo o país.