O diretor interino do presídio de Ceres, Mateus Cordeiro assim como seu irmão que atua na unidade como agente prisional, Anderson Cordeiro, foram afastados por determinação da Justiça e estão proibidos de se aproximar do presídio, assim como dos detentos e de seus familiares. O promotor de Justiça, autor do pedido de afastamento, esclarece que há um procedimento investigatório em curso que apura casos de tortura física e psicológica, além de, pelo menos, duas tentativas de homicídio contra reeducandos por parte dos dois.
O pedido de afastamento, de iniciativa do promotor de Justiça Marcos Alberto Rios, foi acatado pelo juiz Cristian Assis. Mateus Cordeiro, diretor interino do presídio, e Anderson Cordeiro (vulgo Bocão) além de terem sido afastados de suas funções, estão proibidos, ainda, de estabelecer qualquer contato físico ou virtual com os reeducandos e seus familiares, mantendo uma distância mínima de 500 metros destes e da cadeia local.
Na decisão, o magistrado registrou que será decretada a imediata prisão preventiva dos dois, em caso de descumprimento de qualquer dessas medidas cautelares.
Na representação do Dr. Marcos Alberto, que falou sobre a investigação que pesa sobre Mateus e Anderson por tortura, o promotor informou sobre o procedimento, instaurado a partir de provocação do Ministério Público Federal (MPF) e da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos.
Ele alertou ainda que já foram ouvidas cerca de 30 pessoas, a maioria reeducandos, tendo sido comprovadas diversas práticas criminosas. Ainda segundo Marcos Rios, após a abertura da investigação, um dos presos teria sido ameaçado de morte pelo diretor, que usou a expressão “nós vamos terminar o serviço”. “Sem dúvida, a ameaça é destinada a intimidar a testemunha e impedi-la de contribuir com a apuração dos fatos que lhe dizem respeito”, avalia o promotor, em entrevista à imprensa do MP.
Administração Penitenciária declarou que ainda não foi notificada do afastamento do diretor interino do presídio de Ceres
O argumento do Ministério Público para obter o afastamento dos dois foi a gravidade da situação, além da perspectiva concreta de que a ordem pública viesse a ser comprometida e as testemunhas sofressem constrangimento ou até eliminadas.
Procurada pela reportagem do Dia Online, a assessoria da Diretoria Geral de Administração Penitenciária (DGAP) informou que ainda não pode se pronunciar sobre o caso, uma vez que o órgão, até o momento, não foi notificado do afastamento de Mateus e Anderson Cordeiro.