Sucesso de público, o primeiro D.P.A., Detetives do Prédio Azul, faturou 1,3 milhão de espectadores no ano passado, o que, no atual estágio da produção brasileira, praticamente transformou o longa de André Pellenz num fenômeno. Outro D.P.A., o 2, estreia na quinta, 20. Pré-lançado na quinta passada, em 700 salas, O Mistério Italiano – subtítulo – fez expressivos 200 mil espectadores, o que anima distribuidores e exibidores a apostar em outro grande sucesso. A expectativa de aumentar o circuito está muito ligada ao desempenho de Aquaman, e o blockbuster de James Wan não dá mostras de perder circuito. Com 500 mil espectadores no primeiro dia, a Warner só tem olhos para seu filhote das águas. Mas D.P.A. 2 tem seu público, e pode faturar bem.
A garotada adora. D.P.A. surgiu como série de TV produzida pela Conspiração Filmes e exibida pelo canal de televisão Gloob desde junho de 2012. Escrita por Flávia Lins e Silva, teve André Pellenz como primeiro diretor. Antes do início da sétima temporada a produção decidiu promover uma série de mudanças para manter a história fresca. Mudou o diretor – Pellenz foi substituído por Vivianne Jundi na nova temporada – e o elenco. Permanece o conceito original, o trio de amigos que forma a equipe de detetives do prédio azul. Começou com Tom, Mila e Capim.
Prossegue agora com Pippo, Sol e Bento. Tom sonhava ter uma bandas de rock. Pippo agora tem, e o segundo filme abre-se com uma apresentação do grupo. Eles ensaiam, para um concurso musical, sem saber que se trata de fachada dos mágicos Máximo e Mínima para encobrir seu plano sinistro.
Máximo está morrendo, com sua energia esgotada, e a irmã bolou fórmula para transformar a potência sonora de pequenos cantores num soro que dará sobrevida ao feiticeiro para a grande cartada da dupla. Eles pretendem aproveitar a grande feira mundial de mágicos, na Itália, para sugar o poder de todos. Tal é o mistério italiano que Pippo, Sol e Bento, ou Pedro Henrique Motta, Letícia Braga e Anderson Lima terão de enfrentar. Para isso, contarão com a ajuda da sobrinha neta da vilã-mór da série, Dona Leocádia, a inicialmente invejosa Penélope, interpretada por Nicole Orsini.
Vivianne Jundi – seu nome é trabalho. Vivianne assumiu a série de TV na nona temporada. A 11ª entrou no ar em 5 de novembro, ela grava a 13.ª. Fez os spin-offs, como O Vlog da Mila – Os Mistérios de Ondion, que está disponível em plataformas digitais. “Acho o universo da Flávia (a escritora) incrível, ela tem uma imaginação e uma potência criativa enormes, mas eu também sentia falta de colocar o ponto de vista da criança. Estou falando de processo visual, de estatura, de ver o mundo e a aventura de um ponto de vista mais baixo. Parece um detalhe, mas muda tudo. A décima temporada trouxe outra vilã, a síndica do prédio amarelo, que na verdade é uma terrível bruxa do mal que guarda muitos segredos. Aproveitamos para mudar os cenários, o Pedro (Serrão, diretor de fotografia) foi superparceiro. Pedro é pai de meus filhos, estamos separados, mas a parceria é muito forte porque ele é um grande profissional.”
Justamente os filhos, Rafaela, de 10, e Tomaz, de 6. “Os dois são superfãs da série, e eu já seguia os detetives antes de me ligar profissionalmente ao projeto. Você não sabe o que foi ver o filme com esses dois. Eles vibraram muito, e ficaram muito orgulhosos porque era a mãe deles a contar a história. Tenho vivido histórias incríveis na minha vida, como mulher e diretora. E ter esses dois filhos renova o compromisso, o tempo todo. Vivemos uma época em que as mulheres têm mais voz, e eu, obviamente, estimulo a minha filha a pensar, ela se reflete no que faço, como eu ajo, mas também tem o menino. Não estou criando um machistinha, mas um menino que já tem ideias e é sensível. Acho isso ótimo.”
Filmar na Itália foi um sonho. “Antes de vir para o D.P.A., fiz nove novelas em 11 anos, num ritmo frenético e intenso. Algumas dessas novelas me levaram a gravar no exterior, então eu já tinha a experiência. Gravei Vidas Opostas em Portugal e a novela dos mutantes, em Miami. A possibilidade de fazer D.P.A. em parceria com a Itália foi decorrência de outros projetos do canal Gloob com os italianos. Filmamos com a infraestrutura deles, mas o mais bacana é que não foi só uma relação de profissionalismo. O clima era sempre de camaradagem, de companheirismo. O cinema é, realmente, uma grande família.”
E por falar em família, D.P.A. 2 é sobre o quê, para a diretora? “A família é sempre importante na série, e dessa vez temos as crianças lutando para que os pais não virem estátuas – vejam para saber como -, temos o Pippo com o avô, a quem o Antônio Pedro, como o grande ator que é, deu grande humanidade. Mas o tema é a amizade. A amizade das crianças, a solidariedade dos adultos. Na TV, a Penélope é mimada, implicante, então havia uma curiosidade muito grande para saber como a Nicole (Orsini) faria o papel, e ela fez com muitas graça e talento. A garota que parece do mal, mas recuas e se reúne aos heróis. Para mim, o desafio do filme era sempre esse – vamos ter a cena emotiva do avô, a virada da Penélope, e todas essas cenas tinham de ‘acontecer’, tinham de ser bem feitas. E elas aconteceram. Ver o filme com plateias de crianças têm sido gratificante nas pré-estreias porque elas vibram, participam, e todo o trabalho que a gente teve valeu a pena, porque o que queríamos era esse resultado.”
E a parte musical? Tom, no primeiro filme, queria ter a banda que Pippo tem. “A banda foi incorporada à história e tem episódios que são sobre shows.” D.P.A. 2 começa e termina com clipes da banda. “Nas pré-estreias vira sempre o maior alvoroço. O público adora essa garotada, e eu só espero que continue assim.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.